A predominância de mulheres de 25 a 44 anos e de maior instrução exige atenção também ao planejamento das candidaturas das próximas eleições em Blumenau. Para a publicitária Janine Kuroski, mestre em Administração e proprietária de uma empresa de pesquisa e marketing de Blumenau, o perfil da maioria do eleitorado blumenauense exige verdade das palavras dos candidatos, uma vez que mulheres são sensíveis a promessas infundadas e percebem propostas que não possam ser cumpridas.
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– O instinto maternal da mulher a leva a se colocar no lugar dos outros mesmo que não esteja sofrendo com algum problema específico. Por isso, o plano de governo precisa mesclar propostas que resolvam os itens básicos como segurança, saúde e educação, mas também políticas que gerem mais oportunidades de práticas empreendedoras – analisa.
:: Mulheres terão papel decisivo nestas eleições em Blumenau
Quem tiver maior sucesso em se comunicar com os eleitores e vencer as disputas de outubro terá a partir do próximo ano o desafio de propor políticas inclusivas em diferentes áreas. Para a doutora em Sociologia e professora do curso de Mestrado em Gestão de Políticas Públicas da Univali, Ana Cláudia Delfini Capistrano de Oliveira, a maior participação feminina não pode se limitar à inclusão de mulheres nos pleitos e em secretarias, mas deve se estender para ações que transforme modos culturais construídos com o tempo.
– Temos que realmente ocupar cargos historicamente colocados como masculinos, mas nossa crítica é justamente para que as políticas públicas pensem no que afeta as mulheres, no que as inferioriza, como elas podem vencer nossa cultura patriarcal, de violência e que não reforcem sempre os mesmos paradigmas. Isso se faz de forma transversal, passando pela saúde, planejamento, gestão pública, meio ambiente e outras áreas – argumenta a especialistas.
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Proposta de conselho busca espaço nas políticas para as mulheres
A representação feminina na política foi alvo de uma campanha lançada no fim de maio pelo Tribunal Superior Eleitoral. Apesar de serem 52,13% do eleitorado nacional até 2014, apenas 10% dos deputados federais e 14% dos senadores são mulheres. Em Blumenau, onde o percentual feminino dos votantes hoje é praticamente o mesmo, houve uma candidata a prefeita e 63 a vereadora na última disputa municipal. O número equivale a 30,8% do total de 204 que disputaram uma cadeira na Câmara, pouco acima da cota obrigatória de 30%. Nenhuma das 63 foi eleita. Na legislatura anterior, entre 2009 e 2012, apenas uma mulher conquistou vaga no Legislativo, Helenice Luchetta.
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Para tentar reverter este quadro e também incluir demandas específicas das mulheres na gestão municipal, um grupo discute a criação do Conselho de Política para as Mulheres. Uma sugestão de projeto de lei já foi elaborada e será discutida em uma audiência pública a ser marcada. A intenção é criar um espaço com membros do município e da sociedade para discutir assuntos como políticas inclusivas.
– Esperamos sempre que haja transparência e participação popular na política e o conselho pode ser um instrumento importante para discutir nossas demandas, que são diferentes e específicas, ligadas a questões de gênero – afirma a enfermeira pós-graduada Luciane d?Ávila, 47 anos, uma das líderes do movimento.