Dizer para uma vítima qualquer que o Estado de Santa Catarina apresenta um dos melhores índices de segurança pública do Brasil e da América Latina tem pouco significado. Ainda que os números sejam favoráveis, para estas pessoas a violência chegou próxima demais para a aceitação de qualquer argumento estatístico.
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Essa situação nos faz visualizar um dos grandes desafios da segurança pública que é o de dirimir o paradoxo do concurso desnecessário entre a segurança e a sensação de segurança. Ilustro na prática: tinha eu uma vizinha idosa que assistia televisão o dia inteiro, principalmente os programas em que a televisão precisava de anticoagulante para não verter sangue. Como resultado, ela não saía mais de casa para ir no centro da cidade com medo de ser morta, roubada ou que sua casa fosse invadida. Se lhe perguntasse como estava a violência no Brasil e ela bradava o pior palavrão. Se perguntasse sobre o nosso Estado e ela dizia que estava de mal a pior. E a cidade? Aqui está ficando complicado, respondia. E o bairro? Aqui tem que ficar atenta, mas é tranquilo. E a nossa rua? Ah, aqui é um paraíso.
Um outro exemplo desse paradoxo entre a segurança e a sensação de segurança, e que nos remete à uma reflexão crítica, é que no Brasil a quantidade de mortes por acidentes de trânsito é tão elevada quanto as mortes causadas por homicídio, no entanto, não há o menor receio de se entrar em um veículo e se aventurar em qualquer viagem.
O fato é que vivemos em um país pobre com graves problemas sociais e morais, e tudo o que não precisamos neste momento é que se realize processos midiáticos de desmoralização das polícias. Os policiais do nosso Estado fazem com que a nossa Santa Catarina, perante os demais Estados, conforme o Atlas da Violência 2017, apresente a segunda menor taxa de homicídios, tenha Jaraguá do Sul e Brusque como as duas cidades com a menor taxa de homicídios do Brasil; nenhum município dentre os 30 mais violentos e a segunda menor taxa de homicídios contra mulheres no país.
Apesar da insistência em que pensemos o contrário, ainda vivemos no Estado mais seguro do Brasil.
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*Aldo Pinheiro D¿Ávila é secretário adjunto da Segurança Pública de SC