Unânimes na decisão de votar a favor do impeachment, os três representantes de Santa Catarina no Senado estão confiantes em alcançar os 54 votos necessários para a condenação definitiva da presidente afastada Dilma Rousseff à perda do mandato. A soma representa dois terços das 81 cadeiras no Senado.O julgamento terá início nesta quinta-feira.

Continua depois da publicidade

Na primeira fase, serão ouvidas apenas testemunhas, o que deve ter sequência até sábado. Dilma fará sua defesa na próxima segunda-feira. Nos dois dias seguintes haverá discursos e a votação. Em Brasília, o quadro especulado ainda não confirma os 54 votos a favor do impeachment, mas negociações nos bastidores seguem intensas e há uma fatia expressiva de senadores indecisos.

Procurados pela reportagem nesta quarta-feira, Dalirio Beber (PSDB), Dário Berger (PMDB) e Paulo Bauer (PSDB) reforçaram suas convicções pró-impeachment.

Dalirio Beber (PSDB): “Não vejo que possamos ter surpresas”

(Foto: Divulgação / Divulgação)

“Não vejo que possamos ter surpresas no sentido de não completarmos os dois terços necessários. O relatório produzido por alguém que tem uma absoluta capacidade de ser conciso e, ao mesmo tempo, serenidade de estar equidistante de qualquer tipo de paixão, fazendo com que o relatório fosse aprovado por ampla maioria da Comissão Especial de Inquérito. Veio para o Senado e, por maioria simples, estavam presentes os 81 senadores, ali ficou caracterizado que 59 senadores, com apenas uma abstenção, se manifestaram pela fase final. Portanto, o placar de 59 deve se confirmar. Pode ter mais, mas a essa altura não estamos numa banca de apostas. Estou absolutamente convencido que o retrato que vai acontecer até o dia 29, 30, é aquilo que a expressiva maioria da população brasileira quer: interrompermos um governo que se constituiu numa pregação que não era verdadeira, portanto estelionato eleitoral. E que, mesmo praticando estelionato eleitoral, não foi capaz de reunir humildade para reconhecer seus equívocos e concitar forças políticas, civis e econômicas em torno de um projeto de salvação nacional. Pelo contrário, a arrogância continuou até o presente momento. Faz oito meses que se discute o processo de impeachment. Não é um golpe, algo fora das previsões legais. Estamos praticando o que a Constituição permite”.

Continua depois da publicidade

Dário Berger (PMDB): “A presidente afastada perdeu totalmente as condições de governabilidade”

(Foto: Waldemir Barreto / Agência Senado)

“Não apareceu nenhum fato novo, substancial, que pudesse alterar uma decisão já tomada em várias etapas do processo de impeachment. Esse escore foi bastante representativo quando do acatamento da denúncia, se não me engano por 55 votos. Depois de ouvidas as testemunhas e a defesa na Comissão Especial do Impeacment, do qual fiz parte, o processo foi encaminhado ao plenário do Senado para que se debatesse e decidisse com a pronúncia, o escore também ultrapassou os 60 votos. Razão pela qual, se não acontecer nada de diferente nesses próximos dias, agora em que vamos partir para a decisão cabal e definitiva quanto ao afastamento, penso que o sentimento é de manter esse escore acima de 55 votos. Se não acontecer nenhum fato novo, deve acontecer isso. Um dos poderes do ser humano é o poder da palavra e, através da palavra, o poder de convencer as pessoas. Resta para ela (Dilma Rousseff) agora essa etapa, quando ela pessoalmente poderá fazer uma ampla exposição de tudo o que aconteceu nos últimos dias e tentar convencer os senadores que ainda tenham dúvidas quanto ao crime de responsabilidade. Se por ventura o impeachment não se estabelecer, acho que é um cenário de difícil previsão. Posso afirmar sem exagero nenhum que a presidente afastada perdeu totalmente as condições de governabilidade”.

Paulo Bauer (PSDB): “Não tenho dúvidas de que o crime de responsabilidade existiu”

(Foto: Waldemir Barreto / Agência Senado)

“Vai ser uma tensão total, com uma atenção obrigatória e integral de todos. Não tenho dúvidas de que a base da Dilma, de 20 senadores, vai estar super organizada para fazer os questionamentos, tanto para a defesa quanto para a acusação, e depois para a própria presidente, no sentido de dar para a sociedade a sensação de que estamos praticando um ato injusto ou tentando até confirmar a versão de golpe que eles plantaram ao longo do tempo. Eles vão gastar toda a sua capacidade, toda a energia, para tentar mostrar isso. Entretanto, nós da maioria, que já se manifestou favorável ao impeachment, vamos saber, com muito respeito e atenção, superar essa fase, esta estratégia da base do governo Dilma. Inclusive, vamos contribuir para que o processo seja menos demorado. Vamos diminuir o número de oradores, de perguntas, para que o processo se concretize no prazo previsto. Porque a base dela vai querer retardar ao máximo, justamente para cansar os senadores e a própria opinião pública. Não tenho dúvidas de que o crime de responsabilidade existiu. A tendência é que tenhamos votos suficientes, ultrapassando 54. Calculo de 57 a 59 para que o impeachment efetivamente se concretize.”