O Senado da República vai apoiar as famílias das vítimas do acidente aéreo ocorrido com a delegação da Chapecoense, ocorrido no dia 29 de novembro, na Colômbia, próximo do aeroporto de Medellín. No acidente morreram 71 pessoas e apenas seis sobreviveram.
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Em audiência realizada nesta terça-feira, em Brasília, o presidente da Comissão de Relações Exteriores, Nelson Trad (PSD-MS), disse que vai procurar o Itamaraty, o Ministério Público Federal (MPF) e a Advocacia-Geral da União (AGU) para intermediar contatos com autoridades ligadas à aviação civil da Colômbia e da Bolívia.
A intenção da comissão é contribuir para o esclarecimento das causas e responsabilizações do acidente. Ele acatou um pedido da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense (Afav-C), pois se passaram dois anos e meio do acidente e até o momento nenhuma empresa foi responsabilizada. A associação reclama que tem sido tratada com total negligência pelas autoridades desses países.
A presidente da Afav-C, Fabienne Belle, disse que, além da dor, o sentimento é de impunidade. Ela relatou que foram negadas informações em visita à Bolívia, de onde era a Lamia, que fez o transporte da Chapecoense, e também de uma segurada do voo.
-Nós queremos o direito à justiça, que todos os envolvidos sejam responsabilizados. Essa tragédia não começou no momento em que o piloto pediu vetores para pousar na Colômbia, ela começou quando autoridades liberaram a Lamia para operar, quando liberaram o plano de voo sem reserva de combustível, quando não analisaram os documentos. Os órgãos responsáveis foram negligentes- disse Fabienne, que é viúva do ex-fisiologista da Chapecoense, Luiz César Cunha, conhecido como Cesinha.
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Advogados da Afav-C também reclamaram que nem o seguro obrigatório dos passageiros foi pago. Embora uma das seguradoras tenha oferecido um acordo de cerca de US$ 200 mil, que acabou sendo aceito por algumas famílias.
Durante a audiência foi questionada a redução do valor do seguro da aeronave da aeronave que, era de US$ 300 milhões, para US$ 25 milhões.
Fabienne avaliou como positiva a audiência pois houve o comprometimento do senado em buscar apoio em busca soluções e também foi agendada uma nova audiência, a ocorrer até agosto, com representantes da Confederação Sul-Americana de Futebol e do senador venezuelano Ricardo Albacete, que seria um dos acionistas da Lamia, embora ele negue isso. Também serão convocados representantes dos órgãos de aviação da Bolívia e Colômbia.
O vice-presidente jurídico da Chapecoense, Cesair Bartolomei, disse que as vítimas só terão seus direitos respeitados com o envolvimento do governo brasileiro.
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– Se o governo brasileiro, através do Itamaraty, não resolver auxiliar estas 67 famílias de brasileiros numa luta desigual e extremamente difícil contra órgãos públicos e empresas privadas poderosas em nações estrangeiras, então nenhum direito destas famílias será levado em consideração. Assim tem sido desde o dia do acidente, já há quase 3 anos. É necessário neste momento um apoio muito forte do Itamaraty e da presidência da República, visando minimizar a dor destas pessoas — afirmou.
Segundo Bartolomei, a Chapecoense tem cumprido as obrigações financeiras do clube com as famílias das vítimas, o que foi confirmado pela presidente da Afav-C.
O clube também tem buscado acordos judiciais com as famílias das vítimas. Das 43 ações judiciais houve acordo em 20 ações, no valor de R$ 14 milhões.