– A guerra contra as drogas falhou – dizia o senador Roberto Conde ao apresentar o projeto de lei para a regulamentação da maconha diante do Senado.E a “inevitável resposta” à tal guerra, como definiu Conde, foi aprovada às 22h36min desta terça-feira por 16 votos a 13 no Parlamento.

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A medida, que prevê controle estatal da comercialização e cultivo da Cannabis, foi aprovada pela Câmara em agosto – e tinha passagem garantida pelo Senado, já que o partido governista tem maioria em ambas as casas.

Mesmo com a aprovação inevitável, a oposição fustigou o projeto de lei, com senadores chegando a qualificá-lo como inconstitucional.

– Com este projeto, o governo abre uma porta para o abismo – disse o senador Jorge Larrañaga, do Partido Nacional, que também criticou o governo por ter criado um mercado impossível de controlar com uma lei “improvisada”.

A Frente Ampla negou qualquer improviso e defendeu a constitucionalidade do projeto.

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– Estamos cumprindo com a constituição. Esta lei foi feita para cuidar da saúde da população, e esperamos resultados – rebateu Luiz Gallo.

Para Mujica, lei “não é bonita”, mas trará resultados

Enquanto ocorria a votação, o presidente José Mujica falou à emissora Canal 4 sobre regulamentação da maconha, durante a votação. Para Mujica, sobre o projeto “existe muita dúvida e a dúvida é legítima”, mas que tais dúvidas “não podem impedir que se ensaiem novos caminhos ante um problema que preocupa”:

– Vamos ser gradualistas e muito observadores da realidade. Quem disse que o tabaco é bom? E, mesmo assim, as pessoas fumam.

O uruguaio ressaltou que a medida “não é bonita”, mas que o governo não quer deixar os dependentes à mercê do narcotráfico.

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Nos Estados Unidos, a ONG Drug Policy Alliance (DPA) afirma que a medida uruguaia deve aumentar o apoio da opinião pública latino-americana nesse sentido.

A autorização, em novembro de 2012, para o consumo de maconha nos Estados de Washington e Colorado “teve um impacto catalizador na opinião pública dos Estados Unidos”, disse à AFP o diretor executivo da DPA, Ethan Nadelmann.

Desde então, o índice de americanos que veem a descriminalização da maconha com bons olhos subiu 10 pontos, a 58%, segundo pesquisa Gallup realizada em outubro passado.

– Acredito que há uma boa possibilidade de que a iniciativa do Uruguai tenha um impacto similar na opinião pública da América Latina – assinalou Nadelmann.

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