Sem conseguir construir uma proposta de consenso, o governo decidiu buscar apoio nas principais bancadas do Senado para aprovar a PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios, que dá calote em dívidas da União reconhecidas pela Justiça. No entanto, deverá precisar ceder com algumas emendas, como duas propostas pelo MDB, o que vai resultar inevitavelmente na volta da proposta para uma nova votação na Câmara dos Deputados

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Maior bancada do Senado, o MDB quer alterações na PEC. As sugestões estão em linha com uma proposta de senadores do Podemos, PSDB e Cidadania. O pedido é para que o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família, seja um programa social permanente, previsto na Constituição, e permitindo que o valor de R$ 400 por mês não seja reduzido após dezembro de 2022. 

— Estamos recolhendo as sugestões. Se for necessário, nós vamos apresentar alguns aprimoramentos ao texto da Câmara — disse o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). 

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Bezerra é o relator da PEC, que autoriza o governo a gastar mais R$ 91 bilhões no próximo ano, quando o presidente Jair Bolsonaro pretende concorrer à reeleição. Com a resistência no Podemos, terceira maior bancada, o líder do governo conta com o apoio de partidos independentes, como MDB e PSD, para aprovar a PEC. O cenário de o Senado aprovar o projeto sem alterações fica cada vez mais distante. 

— Essa PEC não pode ter um projeto que seja temporário até dezembro de 2022. Tem que ser permanente. Enquanto houver miséria e pobreza nesse país, a política pública é permanente — discursou o líder do MDB no Senado Eduardo Braga (AM). — Portanto, uma das posições que precisam ser construídas para que essa PEC possa andar é que esse projeto não pode ser mais temporário, precisa ser permanente — completou. 

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A outra proposta do MDB é estabelecer uma trava para o pagamento de precatórios, que também passariam por uma auditoria. Alguns parlamentares do MDB se reuniram na tarde desta quarta-feira (17) para tratar do tema. Oficialmente, o encontro seria para discutir as eleições de 2022, mas alguns participantes reconheceram em reservado que a posição da maior bancada do Senado era a pauta. 

Participaram, além de Braga, os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Marcelo Castro (MDB-PI) e o presidente nacional da legenda, o deputado Baleia Rossi (MDB-SP). Bezerra afirmou ainda que não existe a possibilidade de promulgação da parte da PEC que não for alterada. Ou seja, seria necessário aguardar a Câmara votar a nova versão da proposta para que as medidas que abrem espaço no Orçamento passem a valer. 

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— Não existe nenhuma possibilidade de fatiamento [da PEC]. Vamos trabalhar num texto único — disse Bezerra. 

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Para evitar um eventual atraso, o relator quer votar a proposta no plenário do Senado até 30 de novembro. O governo precisa da promulgação da PEC até o início de dezembro para garantir o pagamento de R$ 400 para os beneficiários do Auxílio Brasil.

Como “plano B”, o Palácio do Planalto deve deixar já pronta uma MP (medida provisória) que libera dinheiro para bancar a ampliação do benefício do programa social de dezembro de 2021 até o fim de 2022. Essa medida é vista como uma forma de tentar recuperar a popularidade de Bolsonaro às vésperas da eleição.

*Por Thiago Resende e Renato Machado.

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