Clifford é paciente, não se cansa de esperar. Todos os dias, há um ano, ele espera seu dono, Gabriel do Nascimento, 11 anos em frente a escola do menino, em Capoeiras, Florianópolis.

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Quando o sinal bate, às 7h45min, a criançada vai para a aula e o cachorro branco com pintinhas pretas e olhos cor de mel senta em frente ao grande portão azul, de costas para a rua e espera, atento e quase imóvel, durante toda a manhã.

Quando escuta a algazarra dos alunos no recreio, levanta a orelha e espicha a cabeça. Parece ter esperança de ver seu melhor amigo. Batizado com este nome em homenagem ao desenho animado Clifford, o Gigante Cão Vermelho, Clifford se vira para ver um passarinho ou checar o latido de outro cachorro ao longe.

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Nem o sol gostoso do inverno e a grama macia da praça em frente ao colégio são capazes de tirá-lo do lugar. Clifford prefere ficar na sombra e no piso frio, mas perto do Gabriel. No meio da manhã, bate um sono. Ele boceja e dá uma espreguiçada. E volta a sentar em frente ao portão.

No início da manhã, cansado da caminhada de 20 minutos da casa da família, no Monte Cristo até a Escola Básica Edith Gama Ramos, Clifford se refresca com um pote de água, guardado especialmente para ele. Demarca o território em alguns postes da praça e volta para o seu posto.

Todos fazem cafuné nele

Quando alguém abre o portão, ele entra no jardim da escola e espera sentado em frente a porta de entrada. Só sai dali por um biscoito de água e sal, colocado do lado de fora como isca, pela vigilante.

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Clifford parece um pedágio. Quase todos estudantes e servidores da escola, na entrada ou na saída, fazem cafuné nele. A maioria sabe seu nome e se encanta com sua lealdade e amor por Gabriel. Um menino de 10 anos contou que a amizade dos dois é sincera. Alguns tiram foto dele. Muitos lembram do filme Sempre ao seu lado (Estados Unidos, 2009, direção: Lasse Hallström), em que o cão Hachiko todos os dias espera por seu dono.

Segundos antes das 11h45min, Clifford percebe a movimentação dos alunos em fila se preparando para sair da escola. Ele força o portão com a patinha, sem conseguir abrir. Fica impaciente. Dá voltas no mesmo lugar, senta, fica em pé, olha atento, orelha em pé.