A organização do II Seminário Catarinense da Fosfoetanolamina Sintética no Tratamento do Câncer, que ocorreu sexta-feira na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), vai enviar um documento solicitando que o governo do Estado faça a adesão ao protocolo clínico que São Paulo utiliza para os testes da substância em humanos, que começaram no início da semana.
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A proposta é que as análises sejam feitas através do Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon). O encaminhamento foi aprovado por todos os participantes do ato, entre eles pacientes com câncer, familiares, amigos e ativistas pela liberação da já famosa pílula do câncer, como Ivar Luiz dos Santos, integrante do Instituto Viva Fosfo que foi de Biguaçu para participar do seminário na Capital.
A segunda edição do evento foi organizada pela Comissão de Saúde da Alesc em parceria com a Associação Brasileira de Portadores de Câncer (Amucc), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Escola do Legislativo. Na abertura, a deputada Ana Paula Lima (PT) destacou a importância e a necessidade do debate:
– O Brasil tem que fazer esse debate, e se as autoridades não fizerem o povo vai fazer. Temos dois lados em situações opostas: de um, a sociedade civil, que luta para buscar a melhora da qualidade de vida e uma chance a mais de esperança. E de outro o lobby de grupos poderosos que tentam desqualificar a fosfoetanolamina.
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Os convidados mais aguardados foram os pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos (IQSC), da Universidade de São Paulo (USP), Gilberto Orivaldo Chierice – que sintetizou a fosfoetanolamina na década de 1990 e hoje é aposentado -, e Salvador Claro Neto, integrante da equipe de Chierice.
É Neto quem acompanha a atual produção da substância em laboratórios do município de Cravinhos (SP), utilizada nas pesquisas no atendimento às decisões judiciais que permitem aos pacientes que já faziam o tratamento continuar recebendo o composto.
Estados quer testes, mas esbarra em falta de recursos e burocracia
A reportagem tentou entrar em contato com o secretário João Paulo Kleinübing, mas foi orientada por um assessor a conversar com o departamento jurídico da Secretaria de Estado e Saúde sobre as pesquisas da fosfoetanolamina no Estado. O procurador Daniel Cardoso informou que há interesse do Estado em fazer a adesão aos estudos e incentivar a pesquisa, mas há pelo menos dois empecilhos:
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– Dependemos efetivamente da colaboração do Cepon, que tem restrições tanto de ordem financeira em relação a isso quanto a questão da própria liberdade médica, porque o tratamento pressupõe que os médicos concordem em receitar essa substância aos pacientes.
Além disso, o procurador reiterou o apoio do governo aos estudos que já ocorrem, mas ressaltou a posição contrária à distribuição da substância antes da conclusão dos testes clínicos, cumprindo os regulamentos e legislações que já existem.