Um transporte coletivo forte é essencial para a mobilidade e sustentabilidade das cidades. Enquanto um ônibus transporta a mesma quantidade de pessoas que 40 automóveis, de acordo com a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) já pensou como seria o trânsito se o transporte coletivo não existisse? Mesmo com essa capacidade, ocupa um espaço 17 vezes menor nas vias.
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Milhões de brasileiros usam o transporte coletivo diariamente, o que contribui para reduzir os congestionamentos e melhorar o ar que respiramos. Pensando nisso, a Associação metropolitana das empresas de transporte coletivo de passageiros da Grande Florianópolis (Metrópolis) lançou uma campanha especial com lema “Transporte Coletivo. Bom para você, melhor para cidade, essencial para o planeta”. A partir do dia 18, a entidade comemora a Semana da Mobilidade Urbana.
De acordo com a entidade, sustentabilidade e segurança são apenas algumas das vantagens de se usar o transporte coletivo, tendo em vista que os ônibus poluem oito vezes menos que os carros e representam menos de meio por cento das vítimas de acidentes de trânsito, de acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Sergio Aveleda, especialista em mobilidade urbana, destaca que algumas outras ações podem contribuir para a melhoria em regiões metropolitanas, como a unificação da governança e gestão.
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— É comum haver uma sobreposição de competências. Os municípios são responsáveis pelo transporte local e o estado promove a conexão entre as cidades, o que em geral leva a uma ineficiência muito grande e os meios de pagamento costumam ser diferentes. Municípios e estados precisam trabalhar para autarquia de natureza especial para que ela tenha essa competência — aponta Aveleda.
Segundo o especialista, em países mais desenvolvidos, as regiões metropolitanas não contam com secretários, mas uma autoridade que contempla esses entes para gestão unificada – tarifas, meios de pagamento, planejamento, integração das linhas, regras de trânsito e integração de logística urbana. Além disso, Aveleda acredita que os ônibus devem ter mais espaço nas cidades, tendo em vista que são mais eficientes.
— Faixas de ônibus são baratas e rápidas de implementar, não necessitando de obras. No entanto, é preciso realizar uma fiscalização rígida para que os carros não invadam a pista exclusiva. É uma ferramenta utilizada em várias metrópoles pelo mundo — completa.
Para Aveleda, além da unificação da gestão, as cidades precisam priorizar o transporte público, que possui mais velocidade e eficiência, favorecer infraestrutura de bicicletas – até para trajetos intermunicipais. O especialista afirma que cidades que implantaram ciclofaixa e ciclovias, ao longo do tempo, ganham muitos ciclistas nas ruas, de forma democrática e segura. O cuidado reforçado com as calçadas também é uma das formas de fomentar um transporte alternativo, pois muitos trajetos são feitos a pé.
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Não é só pela mobilidade
A entidade reforça que usar o ônibus é uma opção pela sustentabilidade, pois a poluição e o trânsito diminuem com o maior uso e priorização do transporte coletivo.
O transporte coletivo ocupa 20% das vias públicas e o transporte 60% da população das cidades. Já os carros são responsáveis por 70% das emissões dos gases de efeito estufa. A emissão de material particulado é quatro vezes menor nos ônibus.
Além disso, as motos poluem muito mais do que os ônibus. Enquanto o cálculo para uma pessoa considerando uma viagem de ida e volta de 10 quilômetros é de 3,13kg de gás carbônico para a moto, esse número é de apenas 0,5 kg de CO2 para o ônibus, conforme um estudo do governo do Chile.
Sem falar na segurança. O ônibus é o meio de transporte mais seguro no trânsito. Ele transporta um terço da população, mas é responsável por apenas 0,48% do total de fatalidades. As bicicletas contemplam 3,38%; pedestres 16,49%; carros 22,97% e motos 32,23%, conforme dados do Ministério da Saúde.
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— Precisamos reforçar a mensagem de que existe vida sem automóvel. As pessoas podem se locomover de outras maneiras que não de carro. Andar a pé ou de bicicleta é muito mais eficiente e mais saudável do que de carro. É preciso perder o preconceito com o uso do transporte público, é preciso enxergar como opção para todos e não somente para os pobres. Nos países europeus, por exemplo, concebem desta forma. estados precisam dar mais espaço e garantir mais eficiência desta modalidade —0 avalia o especialista.
Programação
A priorização do transporte coletivo e integração entre empresas e linhas é uma forma de gerar efeitos para a população como um todo e fomentar a melhoria da mobilidade urbana em cidades metropolitanas. Pensando nisso, a Associação estabeleceu um calendário especial de comemorações.
No dia 21, é lembrado o Dia da Luta da Pessoa com Deficiência, mostrando a frota acessível. No dia 22, o Dia Mundial sem carro, que reforça que usar ônibus é optar pela sustentabilidade. Nos dias 23 e 25, o Dia do Agente de Trânsito e o Dia do Trânsito, respectivamente, destacam que respeitar as leis de trânsito é respeitar a vida.
Sobre a Associação
Associação metropolitana das empresas de transporte coletivo de passageiros da Grande Florianópolis (Metrópolis) é o resultado da união de esforços das empresas de transporte público de passageiros que operam as linhas intermunicipais da Grande Florianópolis.
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A entidade surgiu em 2020 visando buscar soluções sustentáveis para contornar a crise trazida pela pandemia de covid-19, tendo como um de seus principais objetivos manter a oferta de um serviço de qualidade apropriado para a situação enfrentada, mas também garantindo a segurança de funcionários e passageiros.
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Desde então, a entidade apoia algumas causas e destaca seus principais pleitos para fomentar o transporte público na capital catarinense. De acordo com a Metrópolis, a solução para a mobilidade urbana da Grande Florianópolis passa pela criação de pistas ou faixas exclusivas e preferenciais para o transporte coletivo de passageiros. No caso da pista exclusiva, os ônibus rodam totalmente separados por um obstáculo físico. Já na faixa exclusiva, uma pintura estabelece a separação entre os corredores, sem barreiras físicas. Já a faixa preferencial é utilizada preferencialmente para o transporte coletivo, mas pode ser escolhido um período de exclusividade, como horários de pico.
Para a associação, ao priorizar o transporte coletivo, criando benefícios aos usuários desse tipo de transporte, será possível buscar soluções para os demorados congestionamentos que prejudicam toda a população de diversos municípios da região, além de turistas e visitantes, principalmente no período de temporada do verão.
Confira detalhes sobre a as ações da Metrópolis.
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