Os sete hemocentros e as três unidades de coleta que compõem o Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (Hemosc) suspenderam nesta segunda-feira as coletas externas de sangue e os cadastros de novos doadores de medula óssea. A medida ocorre por conta de falta de repasses do governo do Estado.

Continua depois da publicidade

Em Blumenau, a suspensão afeta a coleta externa feita em Itajaí, onde eram registrados em média 60 doadores por semana. Nos últimos dois meses, o serviço já havia sido reduzido para três vezes por mês por redução de custos. Cada doação equivale a uma bolsa que varia de 400 ml a 470 ml cada. Com isso, o impacto deve ser de pelo menos 24 litros de sangue a menos por semana caso o serviço siga interrompido.

Já o cadastro de doadores de medula, que também foi suspenso, tem em média 150 novos candidatos por mês no Hemosc de Blumenau. A coleta externa, procedimento que foi suspenso, é quando o Hemosc envia equipes para recolher doações em outros locais. As doações regulares na sede do Hemosc continuam sendo feitas normalmente. Por mês, a instituição registra em média 1,9 mil doadores de sangue em Blumenau.

O Hospital Santa Isabel é a unidade hospitalar do município que mais recebe as bolsas de doações. Segundo o setor de captação do hemocentro da cidade, o estoque hoje está adequado em todos os tipos sanguíneos. Para quem quer doar sangue, a opção é se dirigir às unidades do Hemosc. Já os registros de novos doadores de medula são feitos apenas no caso de familiares. A suspensão de serviços afetou também o Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon), de Florianópolis.

Repasse de R$ 12 milhões é esperança para trégua

Continua depois da publicidade

O alvo da interrupção dos serviços é a dívida do governo do Estado com a Fundação de Apoio ao Hemosc e ao Cepon (Fahece), que segundo a instituição chegaria a R$ 55 milhões. Em reunião na semana passada, a Secretaria de Estado da Saúde se comprometeu a depositar R$ 18 milhões ao longo do mês de agosto.

A Fahece espera R$ 12 milhões, valor que equivale a uma parcela mensal do Hemosc e uma do Cepon, para até quinta-feira, e promete retomar os serviços paralisados ontem já na sexta se isso ocorrer. Outros R$ 6 milhões são esperados para até o dia 15 e, a partir daí, a esperança da fundação é de que os repasses mensais de R$ 12 milhões sejam pagos regularmente todo dia 4. Os valores pendentes a fundação pretende renegociar com o Estado até o fim do ano.

A Secretaria de Estado da Saúde, no entanto, informou por e-mail que propôs “o repasse integral no começo de cada mês e ao longo do mês de agosto o repasse adicional do valor correspondente à meia cota mensal”, sem dar datas para o pagamento.

– Os serviços foram interrompidos absolutamente por falta de recurso. Esgotamos todas as nossas capacidades de endividamento e não podemos assumir mais despesas extras se não tivermos a segurança do dinheiro em caixa – argumenta o presidente da Fahece, José Augusto de Oliveira.

Continua depois da publicidade

Entenda o caso

A Fundação de Apoio ao Hemosc e ao Cepon (Fahece) cobra do governo do Estado valores de repasses mensais que não estariam sendo pagos integralmente nos últimos meses. Por mês, o Hemosc recebe cerca de R$ 6,1 milhões e o Cepon, R$ 5,9 milhões. Sem o dinheiro, a Fahece decidiu suspender as coletas de sangue feitas fora do Hemosc.

Nas contas da instituição, o valor da dívida chegaria a R$ 55 milhões, mas a prioridade neste momento é que o Estado regularize os repasses dos próximos meses.

Na semana passada, um acordo definiu que a Secretaria de Estado da Saúde depositaria R$ 18 milhões ao longo do mês de agosto. A Fahece espera um repasse de R$ 12 milhões até o dia 4 para retomar os serviços interrompidos ontem.

Os demais valores cobrados a fundação pretende negociar com o Estado até o fim do ano.

Serviço

As coletas externas e os cadastros de doadores de medula óssea foram suspensos ontem, mas as doações nas sedes do Hemosc continuam normalmente. Em Blumenau, o Hemosc fica na Rua Teodoro Holtrup, 40, bairro Vila Nova. O atendimento ocorre de segunda a sexta, das 7h15min às 18h30min, e aos sábados, das 8h15min às 11h. O telefone é (47) 3222-9800.

Continua depois da publicidade