A superlotação na emergência do Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí, está obrigando a equipe médica a reter macas dos bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Sem um local para colocar os pacientes que chegam à unidade encaminhados por ambulâncias, o hospital fica com as macas das viaturas nos corredores, o que impede que os veículos saiam para atender novas ocorrências. Apesar da gravidade do problema, o próprio Ministério Público admite que não há solução imediata para esse entrave.

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Na última sexta-feira, a ambulância do Samu ficou mais de uma hora parada na emergência da unidade esperando que a maca fosse devolvida. O coordenador do serviço em Itajaí e Balneário Camboriú, Heimar Osório, diz que este é um problema recorrente.

– Isso já foi motivo de reuniões, mas não há opção. Temos que deixar o paciente na unidade não podemos deixá-lo no chão – explica.

Quando a maca da ambulância está retida e o Samu é chamado para uma nova ocorrência, a equipe pede o apoio dos bombeiros ou orienta quem está junto do ferido a levá-lo de carro até o hospital, em casos de menor gravidade. Quando essas opções também se esgotam, é deslocada uma ambulância de Balneário Camboriú para atender o caso.

– A gente fica de mãos atadas. Como vamos levar um enfartado, um quebrado, sem maca? – questiona.

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Em Itajaí o Samu conta com duas ambulâncias sendo uma avançada (com médico) e uma básica, além de uma maca complementar. Mas mesmo com essa maca extra, as ambulâncias às vezes acabam paradas. No Corpo de Bombeiros a situação não é diferente.

No início deste ano, segundo o comandante operacional do batalhão de Itajaí, capitão Fabiano Neves, a corporação adquiriu duas macas para tentar suprir a demanda de retenções. Hoje, existem cinco macas para três ambulâncias. Mesmo assim ocorre de ambulâncias ficarem paradas esperando o retorno das macas. A situação se agrava com o passar dos anos, devido ao aumento da demanda na saúde, mas não é de hoje segundo o comandante.

Hospital se defende

A advogada do Hospital Marieta, Zilda Bueno, explica que a situação ocorre não devido à falta de macas em si, mas sim à carência de espaço pra atender a todos os pacientes. Isso só deve ficar resolvido com a ampliação do hospital, cuja obra começou em julho deste ano e deve durar três anos.

– A estrutura não é compatível com a quantidade de pacientes que recebemos. Não falta dinheiro para comprar macas é que não temos onde colocar essas pessoas – diz.

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Na sexta-feira passada, o hospital estava com 50 pacientes internados no pronto-socorro e 15 na emergência, quando a capacidade é para oito pessoas na emergência e 14 na internação, segundo Zilda.

– Também não temos como transferir essas pessoas para os quartos, pois não há leitos. Não tenho como colocar mais gente nos quartos sem correr o risco de uma infecção.

Ministério Público não vê solução em curto prazo

Para tentar solucionar o problema da superlotação no Hospital Marieta Konder Bornhausen, que causa a retenção das macas dos Bombeiros e do Samu, a 12ª Promotoria de Justiça de Itajaí trata o assunto com a direção do Marieta.

Após reuniões, o promotor entendeu que o problema realmente está em ter onde colocar os pacientes, segundo a assessoria. Diante disso, não coube outra alternativa ao Ministério Público senão entender que somente a ampliação da unidade solucionará a falta de vagas. Muito da superlotação do hospital é devido ao atendimento prestado a pacientes de outras cidades, segundo a promotoria. A principal delas é Balneário Camboriú.

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O promotor Rosan da Rocha, da 6ª promotoria de Balneário Camboriú, afirma que procedimentos de baixa e média complexidade estão sendo encaminhados para as unidades de saúde da própria cidade, salvo quando não há vagas.

Mesmo assim, para tentar melhorar o atendimento, na terça-feira passada ele emitiu uma recomendação ao Samu. No documento, consta que a prioridade da equipe deve ser de encaminhar o paciente ao hospital municipal, caso seja identificada uma necessidade hospitalar que a unidade não possua, o próprio Samu deve transferir a pessoa ao local mais próximo com condições de atendimento.