Nas escolas de samba de Joinville, projetos de alas, croquis de fantasias e maquetes de carros alegóricos aguardam a hora de ganharem vida – o que pode ocorrer apenas em 2017. Desde que a Prefeitura de Joinville anunciou que tanto a verba distribuída para as escolas de samba quanto o investimento na infraestrutura dos desfiles seriam cancelados, como parte do plano de corte de custos, as seis escolas da cidade que participaram da festa popular nos últimos dois anos desaceleraram o ritmo e começaram a considerar outras opções para não deixar o samba morrer quando o Carnaval chegar, daqui a um mês.
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Uma delas é deixar as criações deste ano para quando o Carnaval de Joinville voltar a ser competitivo, de preferência no ano que vem. Segundo a presidente da Liga das Entidades Carnavalescas de Joinville (Lecaj), Marta Pires Nunes, nesta semana estão ocorrendo reuniões para definir como ficará a programação, mas a primeira decisão é de que não há chance de promover um desfile competitivo. Ele demandaria orçamento para pagamento dos jurados e para a premiação. O formato da festa, no entanto, ainda está sob discussão.
– O certo é que vamos fazer, independentemente de qualquer coisa. Não será no mesmo formato dos outros anos porque o anúncio da Prefeitura nos pegou “de calças curtas”: só soubemos em novembro, período em que é difícil começar a captar recursos – afirma Marta.
A presidente da Lecaj conta que a diretoria está em contato com empresários para buscar patrocínios e parcerias que possibilitem a criação de uma estrutura, com sonorização, iluminação e arquibancadas, possivelmente a ser montada na avenida Beira-rio. O local, que já foi palco do Carnaval nos últimos anos, seria mantido por oferecer espaço suficiente para o público ter acesso ao desfile de forma confortável e segura.
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A Prefeitura de Joinville já anunciou que, ainda que o repasse para o Carnaval tenha sido cortado, o município ficará responsável por promover alterações no trânsito e por garantir os trabalhos de limpeza e segurança, serviços que já estavam pagos pela administração pública.
– A estrutura toda custa R$ 700 mil, contando o repasse para as escolas e a promoção da festa. Parte deste investimento é da Prefeitura, parte é do governo do Estado, por meio do Funcultural, que faz o repasse para a compra de materiais para as escolas – explica Marta. – E neste ano, já avisaram que cortariam os recursos do Funcultural pela metade, com apenas R$ 100 mil de repasse.
As escolas de samba esperam a resposta ao projeto enviado para o programa de transferência para o Carnaval de 2016 até o início da semana que vem. Para o próximo ano, a lição foi aprendida: não depender dos repasses públicos já era meta da Lecaj e das agremiações, e agora o desafio de conseguir patrocínio para uma festa que ainda não conta com adesão e admiração de toda a população ficou mais próximo.
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Escolas divididas
Das seis escolas de samba de Joinville, quatro estão considerando a possibilidade de reaproveitar fantasias e samba-enredo do ano passado e duas estão empolgadas e não pararam a criação mesmo com a possibilidade de não haver competição. De qualquer forma, todas estavam em plena produção quando o anúncio de cortes no orçamento do Carnaval foi feito, com os investimentos financeiros bancados pelas outras formas que as agremiações encontram para suas criações, como patrocínios, apoiadores e verba arrecadada em festas e eventos.