Um momento de descontração, alegria e saúde se tornou uma dor de cabeça para as centenas de pessoas que se inscreveram para a Color Run, corrida de rua prevista para este domingo em Florianópolis. A dois dias de ocorrer, a prova não tem autorização da prefeitura, não entregou o kit de participação previsto e sequer informou o local do evento. Os participantes buscam agora esclarecimentos da organização e reembolso dos R$ 76 da taxa de inscrição.

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– O que estamos vivendo é uma grande indefinição a dois dias do evento: ninguém sabe se vai ocorrer ou não, pois não há nenhum tipo de contato ou retorno das empresas envolvidas na organização – lamenta o presidente da Associação de Treinadores de Corrida de Santa Catarina, Fabiano Braun.

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A marca Color Run é internacional e representada no Brasil pela Gmafe Soluções e Eventos, de São Paulo. A empresa organiza as corridas afiliada ao grupo colombiano GO, detentor dos direitos da marca na América Latina. Assim como os participantes lesados, o Diário Catarinense tentou contato com as empresas por telefone e e-mail, durante duas semanas, sem retorno.

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Nesta sexta-feira, o Pró-Cidadão da prefeitura de Florianópolis, confirmou que mediante consulta no CNPJ da empresa, não foi registrado nenhum pedido de autorização para realização da prova, que deve ser feito com 60 dias de antecedência para grandes eventos e 15 para pequenos.

A Color Run esteve programada em outras cidades brasileiras onde aconteceu a mesma situação da capital catarinense. Em Recife (julho de 2014), Santos (março de 2015) e Ribeirão Preto (abril de 2015). O evento é dito familiar, pois não há medalhas para os melhores colocados e nem limite mínimo ou máximo de idade. O que vale é percorrer cinco quilômetros pelas chamadas zonas de cores, locais onde a organização promove o jateamento de tinta nos participantes, para que cheguem ao final do percurso coloridos como nos famosos festivais das cores indianos, Holi.

O DC conversou com 10 inscritos para a corrida em Florianópolis e todos afirmam a mesma coisa: o único meio pelo qual ficaram sabendo que a prova não aconteceria foi o Facebook, já que o evento criado pela página oficial da Color Run Brasil, com mais de 1,4 mil confirmações de presença, foi cancelado pela empresa no dia 1º de abril.

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Ainda assim, o que causava dúvidas era o fato de o site oficial do evento ainda aceitar inscrições, e em preço superior ao inicial, agora R$ 81.

Quem não teve acesso às informações antes delas serem apagadas da rede social acabou se inscrevendo. Foi o caso da comissária de bordo Nathalia Moreira, que não sabia do cancelamento e se inscreveu no domingo, 3 de maio:

– Paguei com meu cartão de crédito e recebi a confirmação na hora, como se o evento fosse acontecer. Depois fiquei sabendo por uma amiga que já tinha sido cancelado, mas apenas pelo Facebook.

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Vias judiciais para garantir direitos

A advogada Rafaela Conceição entrou com representação na 29ª Promotoria de Justiça da Capital, de Defesa do Consumidor, após mais de um mês tentando contato com a Gmafe, que administra os pagamentos das inscrições.

– É um fato muito grave, pois além da corrida, outras coisas foram prometidas e não cumpridas. No site do evento ainda é possível ver a promessa de que parte do valor arrecadado com as inscrições seria doado a uma instituição de caridade local – destaca.

O promotor responsável, Eduardo Paladino, afirma ter recebido diversas representações a partir desta, e que elas são importantes para legitimar uma possível ação do Ministério Público. Quem se sentir lesado pode enviar seu relato, junto com comprovantes de pagamento e outros documentos que considerar relevantes para capital29pj@mpsc.mp.br.

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