Conhecer o próprio corpo e desenvolver as habilidades físicas e mentais são alguns dos principais motivos que levam até os desritmados a se tornarem bons dançarinos. Se é no salão, na pista ou sozinho em casa, tanto faz: todo mundo já experimentou uns passinhos para soltar a tensão ou expressar um sentimento.
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E quando a vontade de se manifestar torna-se séria, basta procurar um grupo para perceber a quantidade de pessoas que encontrara na dança uma maneira de melhorar a qualidade de vida.
Três vezes por semana, a advogada Alessandra Bittencourt deixa o escritório e inicia o ritual. Ela levanta o coque, escolhe a saia e enfaixa o pé. Pega a sapatilha, encaixa a ponteira e faz o laço do lado correto. Mãe de três filhos, nem sempre é fácil conciliar todas as tarefas, mas ela dá conta da rotina agitada com a leveza herdada do balé clássico.
Os primeiros passos foram aos seis anos, numa conceituada escola de São Paulo. Mas, ainda na infância, a professora afirmou que Alessandra não tinha o biotipo de bailarina. Ela então praticou jazz, balé flamenco e, agora, aos 42 anos, se realizou ao estrear no balé com sapatilha de ponta.
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– Para mim, além da questão da saúde, o que conta mais é a satisfação pessoal. Faço balé funcional, que é bem voltado ao condicionamento, mas tem muito do balé clássico, das posições e das sequências, que é o que me interessa mais. É muito difícil, mas é uma dificuldade que me faz crescer – afirma Alessandra.
Conforme a bailarina, quem vê os movimentos delicados não percebe a força exigida para sustentar o corpo, mantê-lo equilibrado, com a coluna reta e a respiração ritmada. E, para aperfeiçoar a técnica, o balé exige muita superação.
Por se dedicar ao balé, Talita Marcela contabiliza ganhos em vários aspectos
Prática traz mudanças
A designer de moda Talita Marcela Nicolodi, 29 anos, entrou nesse universo em 2009, quando se matriculou na Escola de Dança Sacra e teve contato com aulas de jazz, danças urbanas e disciplinas teóricas. No ano seguinte, foi convidada a trabalhar na organização de um festival e conheceu o balé. Após um hiato de cerca de três anos, ela voltou às aulas, com treinos duas vezes por semana.
Segundo Talita, o balé é a base para todas as modalidades de dança. Desenvolve principalmente o equilíbrio, a sensibilidade, a coordenação motora, a atenção e a memória. Para ela, mesmo com movimentos graciosos, essa modalidade não tem nada de leve: é preciso muita força, flexibilidade e postura para garantir a perfeição estética. Além da melhora na saúde, a atividade traz benefícios no convívio social.
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– Mudou minha vida em vários aspectos. Melhorou muito a minha postura e flexibilidade. Além do balé, eu pratico dança de salão. A interação com as pessoas é diferente: dança é felicidade. Não tem como ficar triste dançando. Isso contribui para melhorar a autoestima e fazer muitos bons amigos – diz a bailarina.
Para Maria Aurora Batista, dançar é entrar em um outro universo, onde extravasa e faz uma espécie de terapia
Movimentos são terapêuticos
Os movimentos da dança clássica, além de expressivos, podem ser funcionais na recuperação de lesões físicas. Após uma cirurgia bariátrica, a gerente de projetos em tecnologia da informação Luciana Piovan, 41 anos, buscou na dança uma terapia para trabalhar especialmente o abdômen.
Apaixonada por dança de salão, Luciana fez aulas por quatro anos numa escola no bairro Anita Garibaldi. Atualmente, ela participa do curso de Vivência em Dança para Mulheres, promovido pelo Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento em Linguagem Corporal (Impar).
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Nessas aulas, movimentos específicos da dança clássica e contemporânea são utilizados de maneira terapêutica – especialmente para trabalhar os músculos e o reconhecimento do corpo.
– As mudanças físicas são evidentes, mas o mais forte para mim é a expressão, como eu extravaso. Eu trabalho numa usina siderúrgica que é cheia de regras e o controle de segurança é muito duro. Quando saio daqui para uma aula de dança entro em outro mundo. Extravaso, é a minha terapia. O meu corpo foi o primeiro motivo, mas o grande ganho foi o lado psicológico, que desestressa. Principalmente do reconhecimento do corpo, que faz você fazer movimentos que jamais imaginou que faria na vida e reconhecer músculos que jamais saberia que tinha. É a minha válvula de escape – conta a gerente.
A correria da rotina complica, mas não impede muitas mulheres de encararem o treino no fim do dia. A agente administrativa Maria Aurora Batista, 47 anos, iniciou nas aulas de jazz em março de 2014 porque tinha curiosidade – nunca havia praticado por tanto tempo, somente alguns meses de dança do ventre. Com os exercícios, as dores no corpo sumiram.
– Quem não faz balé não sabe como é difícil. Tem bastante alongamento, então não tenho dor nas costas, no ombro e a minha postura melhorou. E sei que emagreci. Me identifiquei muito com o jazz e a dança clássica – diz Maria Aurora.
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