Uma família de Florianópolis tenta se reerguer após ter o Ano-Novo brutalmente interrompido quando uma suas integrantes, uma menina de 12 anos, contou ter sido sequestrada na frente de casa, levada ao campus da UFSC e estuprada. O homem, posteriormente identificado como o famoso chef de cozinha Jason de Souza Junior, foi preso no dia seguinte pelo crime.

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A família vive em casas próximas umas das outras em uma área humilde e pacata, em meio ao Maciço do Morro da Cruz, na região da Serrinha, no bairro Trindade. Eles receberam a equipe da NSC na quinta-feira (2) pela manhã.

Na tarde do dia 31 de dezembro, a tia da garota dividia a atenção com a preparação da ceia e com os cuidados de pelo menos outras cinco crianças da família. Ela descobriu sobre o crime quando a sobrinha surgiu na casa dela, visivelmente abalada, e pediu para conversar em particular. Sua mãe, naquele dia, estava trabalhando.

Chorando e com a voz trêmula, a menina contou o que havia vivido nos 40 minutos anteriores. Ela disse que um homem barbudo, de óculos escuros, havia parado um Celta cinza em frente à casa onde ela estava junto com outras crianças da família, a cerca de 300 metros de onde vive a tia. O desconhecido baixou o vidro e a chamou. Quando ela se aproximou, mostrou uma arma. Disse que ela podia escolher entre morrer ou entrar no carro.

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— Ela falou que não queria morrer. É uma criança de 12 anos. Ficou com medo e obedeceu — relata a tia da criança.

Câmeras de segurança de vizinhos registraram o momento em que o carro parou na rua, em frente à casa. Nas imagens, é possível ver a pré-adolescente se aproximando do carro, devagar, abrindo a porta e entrando no banco do carona.

Apesar de Jason de Souza Junior ser conhecido por ter participado do reality show Masterchef, em 2022, a família diz que não o conhecia. A menina, tampouco. A tia afirma que as crianças que estavam na casa não notaram se o homem já estava circulando na rua antes de abordar a pré-adolescente.

— Ele é totalmente estranho para nós. A gente não fazia ideia que ele existia — diz a tia.

Busca por Justiça

Depois de ser sequestrada, a pré-adolescente foi levada até o campus da UFSC, que fica nas proximidades, e estuprada, conforme relatou à tia. A universidade tem pontos ermos em meio a áreas de mata, especialmente vazias nesta época do ano. Outros crimes sexuais já ocorreram no local.

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Depois do crime, a menina contou que foi trazida de volta à Serrinha pelo homem. Ele teria dito para ela não falar sobre o caso a ninguém, se não a mataria. Mas a garota ignorou a ameaça.

— Ela veio até mim e falou: “preciso que você ligue para minha mãe e para a polícia”. Aí ela já começou a chorar, tremer e ficar nervosa — recorda a tia.

Imediatamente, a família trocou a festa de Réveillon por uma busca implacável por justiça. Os parentes levaram a pré-adolescente até a polícia e abriram um boletim de ocorrência. Acionaram conhecidos que trabalham na polícia e procuraram a imprensa.

Após o estupro, a menina foi levada pela família até o Hospital Infantil Joana de Gusmão, onde passou por uma série de exames.

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— Achamos que iríamos passar a virada do ano no hospital. Saímos de lá depois das 23h — diz a tia.

Com imagens de câmeras de segurança de vizinhos, foi possível identificar o carro do homem. Ele foi preso pelo crime no dia seguinte, quarta-feira (1º), e levado até a Delegacia de Palhoça. No local, a menina reconheceu o carro, conforme a tia.

O caso tramita em sigilo, de acordo com o delegado Cleber Serrano, que atendeu a ocorrência. Ele não divulgou mais informações sobre o andamento das investigações.

A família ainda tenta digerir o crime brutal. Dois dias após o estupro, a menina caminha com dificuldades e ainda se recupera das várias lesões que sofreu. A tia diz que ela está serena e conversa bastante sobre o trauma. Os familiares tentam se manter unidos, e querem tornar o crime conhecido para alertar outras possíveis vítimas do chef.

— O emocional da família está destruído. Não tem emocional, não tem nada, está destruído. Todo mundo está sem chão — disse a tia.

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Quem é Jason Souza

O que diz a defesa

Em nota, a defesa de Jason de Souza Junior negou as acusações. Ele passou por uma audiência de custódia na tarde desta quinta-feira (2), onde a Justiça decidiu pela manutenção da prisão por conta da gravidade do suposto delito, ficando definida a conversão da prisão em preventiva. Assim, ele segue no Presídio Masculino de Florianópolis, onde estava desde quarta-feira (1°). 

Veja a nota da defesa na íntegra

A defesa de Jason de Souza Júnior, ex-participante do programa MasterChef Brasil, vem a público esclarecer que ele nega as acusações e está colaborando com as autoridades. Jason conheceu a suposta vítima por meio de um aplicativo de namoro, onde ela informava em seu perfil uma idade superior à que realmente tinha.

Até o momento, a suposta vítima não foi formalmente ouvida, e a denúncia foi baseada apenas no relato de sua mãe. A defesa está pedindo ao juízo diligências complementares, incluindo a análise das interações anteriores entre as partes, que podem trazer uma nova perspectiva ao caso.

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Reafirmamos a presunção de inocência e pedimos que aguardem o desenrolar das investigações sem conclusões precipitadas.

Marcos Paulo Poeta dos Santos
Koerich & Santos Advogados

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