Quem precisa usar os ônibus em Florianópolis durante o verão tem sofrido com o calor que faz dentro dos veículos. Suados e improvisando até um punhado de folhas para abano, os passageiros chamam de “fornos”, o único meio de transporte coletivo da Capital. A percepção dos passageiros é comprovada por uma pesquisa exclusiva feita a pedido da reportagem que apontou que o calor dentro dos veículos sobe de forma rápida. Em um dos trajetos avaliados, mesmo sem lotação, a temperatura ficou 4°C mais alta que o registrado pelos termômetros de rua em cerca de 10 minutos.
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Ao todo, 475 veículos circulam pela cidade conectando os bairros aos terminais de integração. São linhas que percorrem morros, enfrentam engarrafamentos e por vezes estão lotadas.
Priscila Almeida é usuária frequente do transporte público e defende que os ônibus tenham ar-condicionado.
— É um “forno” isso aqui. Fico perto da janela e mesmo assim sigo toda suada — comenta Priscila.
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Na última sexta-feira (27), a reportagem do Hora de SC acompanhou dois pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para uma medição do calor enfrentado pelos passageiros dentro dos ônibus. Na data, os termômetros marcaram 30°C.
A conclusão dos pesquisadores foi que os passageiros ficaram fora da zona de conforto no que diz a respeito a temperatura no momento em que estava no ônibus. Para a medição do calor foram usados três equipamentos: termo anemômetro, termo-higrômetro e um sensor de temperatura de globo.
A pesquisa avaliou o calor no percurso feito por dois ônibus que tinham como ponto de partida o Terminal de Integração do Centro (Ticen). A primeira delas foi o Abraão, linha que percorre a parte Continental de Florianópolis. A saída ocorreu por volta das 14h30min. A segunda medicação foi feita no Pantanal Norte por volta das 15h10min.
Nenhuma das linhas estava lotada, mas mesmo assim a sensação de calor medida chegou aos 32°C no Abraão e aos 34°C no ônibus Pantanal. Com mais pessoas, mais calor corporal e menos o ar circula e a temperatura dentro do veículo pode subir ainda mais.
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— Lotado de pessoas respirando esse ambiente [ônibus] fica muito úmido e aí temos aquela sensação de que você não consegue evaporar o suor sensação de abafado. Com certeza isso impacta muito negativamente a sensação das pessoas que estão aqui dentro — afirma o pesquisador Mateus Bavaresco.

Mesmo sem muitos passageiros e com janelas abertas, os dados mostram a diferença da temperatura da rua. Outro ponto apontado é que quanto mais tempo de circulação, o calor aumentava. A temperatura chega a quase 35°C, o que era 15% a mais que o lado de fora.
Somente 20 ônibus tem ar-condicionado em Florianópolis
A situação do calor poderia ser amenizada com ar-condicionados Contudo, apenas 20 veículos que operam na frota convencional, tem esse equipamento. A opção para quem deseja andar no transporte coletivo climatizado é pegar as linhas executivas. São 73 ônibus desse tipo operando na cidade.
Segundo a prefeitura, o contrato atual com o Consórcio Fênix não prevê a presença de ar-condicionado nos veículos.
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“A PMF irá estudar junto à empresa a necessidade e viabilidade do aparelho em novas compras de veículos”, disse a prefeitura em nota.
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