A direção do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Rondônia acusa o governo estadual de ter abandonado os agentes do órgão federal a poucos momentos do início de uma operação de fiscalização nos municípios de Machadinho D´Oeste e Cujubim. A operação teria início no último dia 23 e envolveria o trabalho conjunto de fiscais do órgão e de policiais civis e militares. Segundo o superintendente do Ibama em Rondônia, Osvaldo Luiz Pittaluga, a atividade tinha como objetivo o combate ao desmatamento irregular e a apreensão de madeira extraída ilegalmente na região e, em conjunto com o governo do Estado, a vistoria de planos de manejo.
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Pittaluga afirma ter sabido da desistência do governo pelo comandante da Polícia Ambiental e pelo delegado da Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente, responsável pela operação. De acordo com o representante do Ibama, a ordem teria vindo do próprio governador Ivo Cassol, por meio do secretário-adjunto da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam), Cleto Muniz de Brito.

– Eles me disseram que haviam recebido um comando expresso do secretário-adjunto da Sedam que, por ordem do governador, o pessoal do Estado deveria sair da operação. Apesar disso, não soubemos até então quais motivos levaram a essa medida porque já estamos atuando em conjunto com o Estado há mais de um ano – disse Pittaluga, lembrando que a região concentra diversos casos de extração ilegal de madeira, principalmente nas seis reservas extrativistas estaduais e na Floresta Nacional do Jamari: – Existem muitos planos de manejo que funcionam indevidamente e acobertam furtos de madeira, principalmente em unidades de conservação e terras indígenas.
Ao tomarem conhecimento da medida, os funcionários do Ibama entraram em contato com a Polícia Federal e Rodoviária Federal e aguardam reforços para retomada dos trabalhos. Eles se dizem ameaçados e alegam que a legislação determina, desde o ano passado, que o órgão compartilhe a gestão ambiental com os Estados. O governador disse ter sido informado de que os fiscais do Ibama utilizariam critérios “arbitrários” de medição de madeira e de aplicação de multas e prisões que estariam em desacordo com a legislação estadual e que, por isso, decidiu suspender o trabalho conjunto.
Machadinho D´Oeste ocupa o 32º lugar entre os 36 municípios brasileiros que responderam por 50% da área desmatada na Amazônia em 2007, de acordo com lista divulgada ontem pelo governo federal.
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– Alguns desses ficais estão soltando autos de infração irregulares e abusivos e dizendo que quem está mandando fazer isso é o estado de Rondônia. Isso não é verdade. Eles que façam o trabalho deles e nós façamos o nosso. Eles querem desestabilizar o estado de Rondônia para acobertar o Pará, o Acre e outros Estados – acusou Cassol.