O acordo feito na manhã da última quarta-feira durante o cumprimento de uma ação de despejo na zona Leste de Joinville durou menos de 24 horas.
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Com o caminhão de mudanças estacionado em frente de casa pela segunda vez, os moradores de quatro casas no final da rua João da Silva, no bairro Espinheiros, só tiveram a opção de ajudar na mudança. Eles terão de sair da área por decisão da Justiça.
A ação de despejo faz parte de uma disputa que envolve pescadores, a União e a proprietária dos terrenos que ficam de frente para a baía da Babitonga, praticamente dentro do Parque Municipal Porta do Mar.
A área foi isolada pela Polícia Militar. Só os moradores das casas conseguiram entrar na extensão da rua onde ficam as casas. Crianças e imprensa ficaram do lado de fora do isolamento.
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Um dos moradores mais antigos da área, o pescador Vilmar de Arrazão, estava incosolável. Ele mora com outras nove pessoas em duas casas que foram desocupadas.
– Lutei minha vida inteira. Vivo da pesca e nunca imaginei que isso fosse acontecer – dizia.
A proprietária da terra, Lívia Freitag, disse ontem que tentou vários acordos na Justiça com os moradores e que apenas as quatro famílias não cumpriram. Segundo ela, a área foi cedida há mais de 20 anos para uma terceira pessoa plantar, mas os terrenos acabaram sendo vendidos e invadidos sem a permissão da proprietária.
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– Os 30 terrenos foram vendidos de má fé, sem escritura. E a pessoa sumiu. Tentei um acordo na Justiça mais de dez vezes com essas famílias. As outras 26 honraram o acordo, somente essas quatro não cumpriram a palavra – disse a proprietária da área.
As quatro casas irregulares serão demolidas nesta sexta-feira. A advogada Cynthia Maria Pinto da Luz, que integra o Centro de Direitos Humanos Maria da Graça Bráz, está tentando reverter a ação de despejo no Fórum.