A greve dos trabalhadores da empresa de ônibus Paulotur, que atende o Sul de Palhoça, Paulo Lopes e Garopaba, parece estar longe do fim. Nesta quarta-feira, patrões e sindicato do empregados foram ouvidos no Ministério Público do Trabalho, mas não chegaram a nenhum acordo. O MP afirmou que está investigando as denúncias de não cumprimento da legislação trabalhista, e se o serviço está sendo prestado para a população.

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Motoristas e cobradores da empresa Paulotur entram em greve

O Sintraturb (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Urbano, Rodoviário, Turismo, Fretamento de Passageiros da Região Metropolitana de Florianópolis) pede que a empresa pague os direitos dos funcionários e se torne intermunicipal urbana, e não mais rodoviária, como é classificada atualmente. As reclamações dos trabalhadores são inúmeras. A mais grave, dizem, é o fato de a empresa descontar mensalmente o fundo de garantia dos salários (FGTS) e não depositar na Caixa Econômica:

– Quando demitem alguém mandam a gente ir pra justiça procurar os nosso direitos e a coisa vai enrolando – conta um funcionário.

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Motoristas e cobradores preferem não se identificar por medo de represálias, mas contam que a empresa paga o vale alimentação em duas partes e ainda atrasam, muitos saem de férias sem receber o pagamento, e já aconteceram situações em que funcionários precisaram do FGTS por motivo de doença e compra da casa própria e não puderam utilizar.

– Tem ônibus muito velho, que tá um perigo. Sem contar quando falta óleo diesel e o ônibus para no meio da estrada. Acontece com frequência de eles entregam o dinheiro na nossa mão e mandar a gente passar no posto com o ônibus cheio de passageiros – conta um motorista.

O Sintraturb também denuncia que os coletivos circulam em péssimas condições e alguns sem licença do Deter (Departamento de Transportes e Terminais).

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População fica prejudicada

Enquanto o impasse entre patrões e empregados não é resolvido, a população é quem fica prejudicada. O Deter autorizou que outras empresas registradas no órgão operem as linhas emergencialmente cobrando os mesmos preços, e afirmou que a União e a Santo Anjo estão fazendo os trajetos, porém em alguns bairros nenhum ônibus passou.

A diretora da escola estadual Maria Cardoso da Veiga, Maria de Lourdes do Nascimento Rosa, conta que muitos alunos e professores não tem como ir:

– Nos dois primeiros dias de greve metade dos alunos não veio. Temos muitos alunos que moram na Praia de Fora, e lá também não passou nenhum ônibus. Quem mora mais perto dá um jeito de vir, mas as regiões mais longe não tem como – explicou.

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Deter diz que já notificou a empresa

O presidente do DETER, Fúlvio Brasil Rosar Neto, explica que não cabe ao órgão se intrometer na relações trabalhistas entre patrões e empregados, mas fiscalizar se as linhas estão sem cumpridas. A empresa já foi notificada, e caso não retome o serviço, pode perder a concessão:

– Notificamos a Paulotur para manter a linha, e a empresa informou que não tinha condições, então autorizamos as outras empresas rodoviárias a fazerem o trecho, e estamos aplicando multas pelo não cumprimento. O processo já foi aberto, agora temos que esperar.

Sobre as denúncias de que os ônibus circulam em más condições e sem autorização, Fúlvio afirmou que anualmente é realizada uma vistoria e existe fiscalização diária no Terminal Rita Maria e nas estradas:

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– Já apreendemos ônibus da Paulotur que estavam irregulares, mas a empresa regularizou e foram liberados.

O presidente também explicou que a empresa possui dívidas com o Deter, mas isso não a impede de operar, pois as questões já estão com a justiça.