A ligação entre o tenente reformado do exército Elicindo Cunha, 88 anos, e as mangas começou ainda na década de 1940, quando ele morava no Rio de Janeiro. Ao vir morar em Blumenau em 1963, foi residir no Bairro Ponta Aguda.

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Por ironia do destino, em frente da nova casa, na esquina da Rua República Argentina e Avenida Brasil, havia uma mangueira, que até hoje chama a atenção do próprio tenente e de quem mora e trabalha na proximidades.

– Pelo que eu conhecia e me falava o proprietário do terreno quando cheguei aqui, calculo que essa mangueira deva ter uns 100 anos – estima o tenente.

A mangueira que deu boas-vindas ao tenente, também deu crias. Outras cinco foram plantadas no lado oposto da Rua República Argentina. Com as seis representantes da espécie, poderia tranquilamente ser chamada de República das Mangueiras.

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Calor blumenauense favorece produção da fruta

Apesar de a região Sul do país ser desfavorável para a produção de mangas em virtude do frio que se estende além do inverno em alguns anos, o forte calor que atinge a cidade no verão favorece as mangueiras. Isso porque, segundo a doutora em Ecologia de Florestas e professora da Universidade Regional de Blumenau, Lucia Sevegnani, a fruta se beneficia do clima quente para produzir.

A ecologista diz que isso é uma característica advinda da origem da fruta, nativa da Índia. Em regiões como Norte e Nordeste, onde as temperaturas são altas durante grande parte do ano, as árvores florescem e frutificam nos 12 meses.

– Aqui em Blumenau, o que possivelmente ocorreu é que com o crescimento da cidade e o aumento da temperatura resultante desse fator, as mangueiras também foram favorecidas – explicou.

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Em virtude do frio do Sul, fatos como esse no Bairro Ponta Aguda são raros, segundo Lucia. Pelas baixas temperaturas se estenderem em algumas épocas do ano, o florescimento da mangueira ocorreu muito tarde e compromete o desenvolvimento da fruta. Assim como os moradores da área onde estão as árvores, a professora também tem histórias sobre as mangueiras da Ponta Aguda:

– Trabalhei perto dali em 1981 e me lembro que aquela que está na esquina sempre deu muitos frutos. Chamava a atenção de todo mundo.

Diferente dos moradores, Lucia estima que a mangueira mais antiga tenha cerca de 50 anos de vida.