Interrogado no final da manhã desta quinta-feira, no Fórum da Capital, o motorista levado a júri pelo atropelamento e morte do jornalista Róger Bittencourt disse não ter certeza sobre o que aconteceu no momento em que atingiu a bicicleta da vítima, em dezembro de 2015.

Continua depois da publicidade

Gustavo Raupp Schardosim, 42 anos, contou que tomou uma cerveja na casa de um amigo na noite anterior ao acidente e, durante aquela madrugada, bebeu mais quatro ou cinco longnecks de cerveja em uma casa noturna. Ele também disse em juízo que havia fumado metade de um cigarro de maconha antes de ir até a boate.

Em depoimento, o réu contou que passou a noite na casa de uma mulher que havia encontrado na festa. Depois, pela manhã, pegou um táxi de volta à casa do amigo, onde havia deixado o carro. O acidente na SC-401 ocorreu na sequência. Gustavo disse não se lembrar do que aconteceu, apenas que acordou com o impacto.

—Estava bem para dirigir. Não entendo o que aconteceu. Acredito que só dormi ao volante — falou em juízo.

Também em depoimento, o motorista negou que estivesse dirigindo de maneira desorientada antes da batida. Ele também afirmou que não tentou fugir após o atropelamento, mas que foi hostilizado e agredido por pessoas no local.

Continua depois da publicidade

Perguntado sobre um antigo acidente, o motorista confirmou que chegou a ser preso e processado em 2010, quando foi flagrado embriagado após uma colisão com outro carro na BR-101. Ele ainda reconheceu que, na oportunidade, tentou esconder algumas latinhas de cerveja dos patrulheiros. O processo daquele acidente, disse Gustavo, foi extinto com uma proposta de suspensão condicional.

Nas considerações finais, o réu disse ter consciência do estrago provocado e que carrega um arrependimento desde o dia do acidente.

— Sempre me mostrei arrependido. Sei que destruí uma família. De certa forma, eu destruí minha família também — afirmou.

Polícias militares narram sinais de embriaguez

Dois policiais militares acionados na ocorrência do atropelamento do jornalista narraram em juízo que, embora Gustavo tenha se recusado a fazer o teste do bafômetro, ele apresentava sinais de embriaguez aparentes, como vermelhidão nos olhos e hálito etílico.

Continua depois da publicidade

Ambos disseram em depoimento no Tribunal do Júri que era possível perceber o cheiro de álcool dentro do carro quando o acusado foi levado para a viatura.

Testemunhas afirmam que houve tentativa de fuga

Motoristas que passavam pela SC-401 no momento do acidente também prestaram depoimento na manhã desta quinta-feira. Um deles, que dirigia uma van com turistas, afirmou ter visto a Parati de Gustavo andar em ziguezague antes de invadir a ciclovia e provocar o acidente. Esse mesmo motorista contou em juízo que o réu teria tentado fugir após a colisão.

Outro motorista ouvido nesta quinta-feira, um argentino que mora há 40 anos em Florianópolis, disse que chegou a trancar a passagem da Parati envolvida no acidente para evitar uma fuga.

Um companheiro de treinos que pedalava com o jornalista Róger contou detalhes dos instantes antes e após o acidente. Emocionado, ele lembrou que o estado do amigo já era crítico quando tentou socorrê-lo no asfalto. Ele também mencionou que o outro ciclista atingido pela Parati nunca mais praticou o esporte ou participou das atividades do grupo.

Continua depois da publicidade