Segurança, educação e recomeço são palavras lembradas pelos migrantes que vieram para Blumenau ao relatar a mudança em busca de uma nova vida. Para alguns, foi paixão à primeira vista. Ouvidos pela reportagem, eles vêm dos mais diversos lugares: São Paulo, Recife (PE), Herval d’Oeste, Petrópolis (RJ) e até da Alemanha, e compartilham em comum o carinho pela cidade.

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As profissões variam. Tem advogado, atendente de bar, chef de cozinha, profissional de tecnologia e cabeleireiro. A experiência de morar na cidade tem sido positiva para eles, na maior parte do tempo.

— Por mais fechado que seja, o blumenauense é solidário — diz Marco Antônio, advogado que integra a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), vindo de São Paulo.

Ele comenta que encontrou em Blumenau alguns tipos de violência que ainda não tinha presenciado, como racismo, xenofobia e intolerância religiosa — o caso aconteceu em 2017 e, inclusive, repercutiu nacionalmente. À época, ele foi vítima de cartazes neonazistas na rua em que mora, no bairro Ponta Aguda. 

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Mas para Marco Antônio, o que mais chama atenção é que isso não representa a maioria do povo da cidade, e que se concentra em células.

— São pequenas pessoas que tentam estragar o que Blumenau é de verdade, que é uma cidade acolhedora. Eu sempre senti isso. É aquilo: não tem lugar perfeito para se morar, mais eu escolhi morar e ficar em Blumenau — diz.

Marco se casou e adotou um filho na cidade. Hoje se considera um “paulistano blumenauense”.

Amor à primeira vista

Para Fellype Barbosa da Silva, que veio do Recife, foi paixão à primeira vista. Ele veio a Santa Catarina em busca de melhor qualidade de vida. Até tentou morar em Florianópolis, mas não teve jeito: se encantou pela cultura germânica e foi em Blumenau que quis ficar.

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— Por mais que Recife seja uma cidade bonita, eu queria um lugar para me proporcionar segurança também. Eu gosto da questão cultural daqui, Blumenau me encantou por isso — explica.

Hoje ele trabalha em um tradicional restaurante germânico da cidade, caracterizado de Fritz. Formado em Administração, estuda Engenharia de Softwares e também escolheu a cidade por considerar Blumenau um polo tecnológico.

Uma das dificuldades encontradas pelo recifense foi o frio, que é mais intenso do que no lugar em que morava. A situação já é oposta à de Luan Rosa, de Herval d’Oeste, em Santa Catarina. Ele se mudou para Blumenau por conta de uma proposta de trabalho e considera o tempo muito quente no município.

O trabalho também foi um dos motivos que levou Thales do Nascimento, que é cabeleireiro, a vir morar em Blumenau.

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— Quem vier querendo trabalhar, tem lugar em Blumenau.

Natural de Pelotas no Rio Grande do Sul, ele estava morando em Petrópolis no Rio de Janeiro quando tomou a decisão de vir para Blumenau. Hoje ele reside com a esposa e a filha no Vale do Itajaí.

Martin Elster, chef de cozinha alemão, conheceu o atual sócio nos Estados Unidos, onde morou por 10 anos. Ele foi convidado a fazer parte de um novo restaurante no estilo biergarten em Blumenau e mora na cidade desde então.

A dificuldade que encontrou em viver no Brasil é com a língua portuguesa. Por outro lado, considera que as pessoas falam alemão muito bem em Blumenau, principalmente as mais velhas.

Uma das críticas que tem é em relação à comida.

— Honestamente, eu fiquei um pouco decepcionado com as comidas alemãs que eles servem aqui. É uma uma falsa comida alemã o que tentam te vender. E eu venho tentando trazer as comidas alemãs que eu conheço, que eu aprendi, tentando deixar o mais próximo possível à qualidade que temos na Alemanha — comenta.

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E assim, pouco a pouco, a cidade vai se transformando também com as pessoas que a constroem. 

Para Marco Antônio, Blumenau está virando um caldeirão cultural.

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