Uma semana depois do tiroteio que resultou na morte dos delegados federais Adriano Antônio Soares e Elias Escobar, na madrugada de 31 de maio, em Florianópolis, o promotor Luiz Fernando Pacheco avalia que as provas juntadas no inquérito pela Delegacia de Homicídios da Capital ainda não esclarecem se a ocorrência foi criminosa, caracterizada como duplo homicídio, ou legítima defesa por parte do comerciante Nilton César Souza Junior.

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O vendedor de cachorro-quente, internado no Hospital Florianópolis desde o dia do tiroteio, tem um mandado de prisão preventiva em aberto e é apontado pela Polícia Civil como responsável pelas mortes. Na visão do promotor, contudo, o único crime comprovado até o momento é o porte ilegal de arma de fogo por Nilton.

Na tentativa de esclarecer melhor o que aconteceu naquela madrugada no endereço 690 da rua Fúlvio Adduci, no Estreito, região continental da cidade, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) pediu 15 novas diligências a diferentes órgãos, como a Polícia Civil e o Instituto Geral de Perícias (IGP), e estabelecimentos comerciais, como o restaurante onde os policiais federais jantaram no sul da Ilha e uma casa noturna do centro da cidade.

Os pedidos, já aceitos pela Justiça, foram oficializados no dia 2 de junho e o prazo de cumprimento é de 10 dias. Alguns deles, como os laudos periciais cadavéricos nas vítimas, já foram concluídos e juntados ao processo. Outro pleito, o de fazer a reconstituição dos fatos, será providenciado assim que Nilton tiver alta do hospital. Imagens de câmeras de monitoramento de estabelecimentos comerciais do entorno da casa de prostituição onde aconteceram as mortes também foram solicitadas, mas ainda não acrescentadas ao processo.

Em seu despacho solicitando novas diligências, o promotor Pacheco destaca que o auto de prisão em flagrante lavrado para apurar as circunstâncias do caso ainda é insuficiente para o oferecimento de denúncia, por exemplo. Através da assessoria de comunicação do MPSC, Pacheco disse que no momento não há nem como dizer que haverá denúncia. Nos autos, ele expõe:

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“Observa-se, no entanto, que os elementos de convicção angariados são ainda insuficientes à deflagração da persecução penal e, diante da imprescindibilidade de melhor elucidar o fato sob análise, requer o Ministério Público seja oficiado”, diz o trecho do pedido de Pacheco que antecede a listagem das diligências solicitadas pelo promotor e autorizadas pelo juiz Marcelo Volpato de Souza.

O magistrado pede ao Hospital Florianópolis que responda se foi realizado em Nilton exame toxicológico e de alcoolemia. Os mesmos exames também foram feito nos delegados da Polícia Federal pelo IGP. A previsão é de que os resultados saiam em até 30 dias.

Suspeito segue entubado e sedado

Desde sua entrada no Hospital Florianópolis, logo após o tiroteio, o comerciante Nilton César Souza Junior, 36 anos, permanece entubado e sedado na UTI da unidade. No boletim médico do paciente, juntado aos autos processuais em 1º de junho, Nilton foi atingido por disparos de arma de fogo no antebraço direito, coxa direita e perfuração abdominal. Ao final, a médica responsável diz que ele está “estável do ponto de vista cirúrgico e hemodinâmico, aos cuidados da UTI”.