Chamada de “Musa”, segundo documento do Supremo Tribunal Federal (STF), a deputada estadual Ana Paula Lima (PT) é suspeita de ter recebido R$ 500 mil, valor esse repassado pelo Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht – então Foz do Brasil. O dinheiro teria sido enviado à campanha da então candidata a prefeita de Blumenau como uma “contrapartida a interesses da empresa, notadamente na área de saneamento básico, espaço em que almejava atuar como concessionária”, conforme o segundo parágrafo do inquérito 4.457, assinado pelo ministro do STF, Edson Fachin. O texto ainda destaca que esse repasse não foi contabilizado na corrida eleitoral, o que é ilícito.

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No Partido dos Trabalhadores desde 1987, Ana Paula está no seu quarto mandato na Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Nesse meio tempo, após a derrota de seu marido Décio Lima para João Paulo Kleinübing em 2008, chegou a pleitear o cargo máximo do Executivo blumenauense na eleição seguinte, mas sem sucesso. E é justamente no ano em que concorre à prefeitura que teria ocorrido o fato delatado por Paulo Roberto Welzel, ex-diretor da Foz do Brasil (que pertencia à Odebrecht), e Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis, ex- presidente da Odebrecht Ambiental. A deputada teria recebido o montante, conforme o inquérito, a pedido do deputado federal Décio Lima (PT).

Em 2012, a petista recebeu licitamente pouco mais de R$ 1 milhão em doação de campanha. Desse total, 40% vieram de quatro frentes, três do estado de São Paulo: Consultora Triunfo (R$ 150 mil), Litucera Limpeza e Engenharia (R$ 150 mil), Cosan (R$ 50 mil) e GDC Alimentos (R$ 50 mil), esta última de Itajaí. O suposto valor que teria sido enviado à deputada estadual corresponderia, portanto, a mais da metade das despesas que a parlamentar teve cinco anos atrás durante o pleito eleitoral.

No último domingo, Ana Paula Lima foi eleita presidente do diretório petista em Blumenau com 61,5% dos votos válidos. Ela derrotou o ex-vereador Vanderlei de Oliveira, única chapa de oposição no pleito, e substitui Éder Lima à frente da sigla na cidade. Quanto ao nome citado na lista de Fachin, a assessoria informou que a deputada estadual se manifestaria apenas por nota.

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O que diz Ana Paula Lima (PT):

Em relação à citação do meu nome nas investigações do Supremo Tribunal Federal declaro serenidade e estou à disposição das autoridades competentes para prestar todos os esclarecimentos.Afirmo que não sou ré e nem investigada em nenhum processo da Lava Jato.Afirmo que as doações à minha campanha eleitoral foram declaradas e aprovadas pelos órgãos competentes, e que minha conduta pública é regida pelos princípios da ética, moral e legalidade.

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