Deu quase tudo errado na estreia de Park Chan-wook em Hollywood. Diretor de Zona de Risco (2000) e da Trilogia da Vingança, da qual faz parte o festejado Oldboy (2003), o diretor sul-coreano é um dos grandes estetas do cinema contemporâneo. Mantém, em Segredos de Sangue, que estreia nesta sexta-feira no circuito de cinemas, o capricho visual, o interesse pelas ambiguidades do homem e aquele jogo entre o que é visível e o que está além das aparências, fórmula que resulta em suspenses por vezes arrebatadores. A diferença é que, agora, o que seus personagens têm a esconder é inócuo.
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Mia Wasikowska, a Alice de Tim Burton, aqui de cabelos negros, é India, adolescente que os colegas de escola classificam como “esquisita”. Quando o filme começa, seu pai (Dermot Mulroney) acaba de morrer. Mas o luto de sua mãe (Nicole Kidman) não dura muito, especialmente porque o irmão do morto, de quem a mulher e sua filha nunca tinham ouvido falar (Matthew Goode), chegou para o funeral e vai passar uns dias com elas.
Não estranhe a formulação desta última frase: o tio é um sujeito charmoso, sedutor, o que mexe com as duas de uma forma, como dizer, surpreendente. É claro que ele guarda segredos, como uma parente de visita (Jackie Weever) chega a sugerir, e como o próprio título indica (aliás, muito semelhante ao do longa anterior de Chan-wook, o ótimo Sede de Sangue). Nada, no entanto, que tire do espectador a sensação de estranhamento diante do aumento da intimidade do trio.
Surpreender o público a partir de sugestões e provocações morais até pode ser uma das especialidades do cineasta, mas, em Segredos de Sangue, seus propósitos se esvaem conforme se evidencia a lógica banal que norteia as ações e as reações de seus personagens. Talvez o projeto fizesse mais sentido na Coreia do Sul ou em qualquer lugar distante das intervenções dos produtores de Hollywood. Do jeito que ficou, sobra pouca coisa além da beleza visual.
Segredos de Sangue
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(Stoker)
De Park Chan-wook. Com Mia Wasikowska, Nicole Kidman, Matthew Goode e Jackie Weever.
Suspense, EUA/Grã-Bretanha, 2013. Duração: 99 minutos. Classificação: 12 anos.
Estreia nesta sexta-feira no circuito (veja as salas no roteiro de cinema da Agenda).
Cotação: 2 de 5 estrelas