Trabalho, casa, estudo e filho estão no topo da lista de quem afirma não ter tempo para atividade física. Mas o cardiologista especialista em medicina do esporte, Tadeu Fernandes, alerta: o sedentarismo é um inimigo do coração.
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Ele defende que o exercício precisa ser visto como um aliado na prevenção de doenças. Aliás, é mais barato do que tratamentos e menos prejudicial do que remédios. Dados do Ministério da Saúde apontam que 83.909 cirurgias cardíacas foram feitas no Brasil em 2018.
Uma estimativa indica 350 mil mortes anuais por problemas ligados ao coração.
O sedentarismo é um fator de risco para doença coronariana, a que mais mata no mundo. E a atividade física é protetor adicional ao coração – aponta o médico.
De segunda a segunda, 30 minutos de exercícios aeróbicos são suficientes. Isso mesmo, sem falhar em nenhum dia da semana, pois o médico afirma que estudos recentes apontam que o intervalo é prejudicial.
Natação, corrida e ciclismo lideram o ranking das atividades mais recomendadas pelo especialista. A musculação não entra na conta.
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– A musculação é importante para evitar lesões, proporcionar um envelhecimento saudável, mas não traz muito benefício cardíaco – explica Fernandes.
O cardiologista dá uma dica para quem não pratica atividade há muito tempo. Começar aos poucos, no sábado e domingo, quando a agenda costuma estar mais tranquila. Depois é preciso avançar. O mesmo vale para a intensidade do exercício. Para quem está parado, caminhar, por exemplo, fará a diferença, mas após um período é preciso passar para a corrida e assim tornar o coração mais resistente.
Também é preciso mesclar os esportes. Porque não adianta fazer sempre a mesma coisa e correr o risco de ter uma lesão. – defende o especialista.
Esporte na recuperação da saúde

Mesmo quem enfrenta algum problema no coração ou já precisou de tratamento, deve dar espaço para os exercícios físicos no dia a dia. Uma avaliação médica, porém, é fundamental para determinar qual a atividade mais recomendada e a intensidade dela para não se tornar prejudicial. Até aqueles que ganharam um novo coração precisam incluir o esporte na rotina.
Isabeli Vieira Lourenço, 29 anos, recebeu esse presente em março de 2018. Ela sempre foi adepta da atividade física, mas precisou desacelerar quando o diagnóstico de miocárdiopatia hipertrófica veio. Agora recuperada ela se prepara para voltar às disputas. Em novembro vai participar dos Jogos Brasileiros de Transplantados nas modalidades de natação e corrida de rua. A competição é inédita no Brasil.
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Vejo os jogos como uma comemoração da vida nova que recebi, em poder incentivar as pessoas a cuidarem da sua saúde. Se eu que transplantei consigo, qualquer um consegue, é só querer. E, principalmente, dar força pra quem aguarda um órgão.
Responsáveis pelo acompanhamento de Isabeli, os médicos Frederico di Giovanni e Tadeu Fernandes trabalham na implantação de um serviço de reabilitação a transplantados no Hospital Santa Isabel, em Blumenau. A proposta é criar um protocolo com educadores físicos e fisioterapeutas que possa ser aplicado com supervisão médica aos pacientes operados na unidade gratuitamente.