Sede de serpentina: conheça os encarnados no Carnaval

Contradizendo Luiz Melodia, que canta “fico tão triste quando chega o carnaval”, o feriadão de Carnaval é a época mais aguardada do ano para muitos foliões. Mais até que Natal e o próprio aniversário. É a Copa do Mundo da alegria, onde se pode tudo, ou quase.

Nem as intermináveis filas para baladas, ruas cheias de gente 24 horas por dia e o trânsito caótico desanimam essas pessoas, que não veem a hora de se acabar na folia. São os verdadeiros encarnados em Carnaval. Gente que viaja o Estado atrás das melhores festas, compra fantasia, traveste-se e começa uma preparação séria com meses de antecedência.

Bloco permanente

O grupo de amigos formado em 2011, inicialmente chamado Grande Família, depois Firma, é praticamente um bloco carnavalesco que funciona durante o ano todo. Os integrantes estão sempre juntos, desde festas familiares até as mais bizarras, e no Carnaval não poderia ser diferente.

Este é o quinto ano que integrantes da Firma, formada por acadêmicos e ex-acadêmicos do campus da Udesc de Joinville, se reunirão para passar todo o feriadão juntos. A exemplo de ocasiões anteriores, eles alugaram uma casa em uma cidade praiana e vão curtir os carnavais de rua que o local oferecer.

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A cidade escolhida para este ano é Barra Velha, no Litoral Norte catarinense. Pela primeira vez o grupo alugou a casa antes mesmo de pesquisar a programação de Carnaval. Por sorte, souberam depois que Barra Velha terá festas de rua todos os dias.

O que os integrantes ainda não sabem é se haverá o tradicional bloco dos sujos, o preferido dos meninos.

– Mas em algum desses dias com certeza vamos nos vestir de mulher – comenta o estudante de Engenharia Civil Marcus Britez.

Porém, assim como existem os mais comilões, os que mais dormem e os beberrões, entre o grupo também existe sempre o mais encarnado. No quesito bloco dos sujos, quem se prepara com primazia é Douglas Padilha, 24 anos.

Diferente da maioria dos rapazes, que usam roupas improvisadas emprestadas das namoradas, o funcionário público não só experimenta antes a roupa que vai usar no dia do bloco dos sujos, como também compra peças caso necessário.

– Ele gosta muito – comentam os amigos aos risos.

O acusado não se faz de rogado. Admite que curte toda a preparação para o bloco dos sujos e lembra que isso rende boas risadas por muito tempo:

– A sensação é você olhar pro brother do lado, ver o quão ridículo ele está. E você imaginar “putz, devo estar ridículo igual, mas tudo bem, tamo junto”.

Fundo social na folia

Além de um exímio performer quando está caracterizado, Padilha é também campeão em outras modalidades. No Carnaval do ano passado ganhou o concurso de tomadores de cerveja. Para contabilizar, os participantes permaneciam dia e noite com um barbante amarrado ao pescoço onde colocavam os anéis das latas consumidas.

Só podia participar quem tomasse mais de cem. Felipe Alacon, 26, por pouco não ficou de fora da disputa. No último dia do feriadão teve que encarar 21 latas para estar apto a competir pelo título. Apenas quatro rapazes permaneceram na competição.

Douglas Padilha venceu com 108 latas. Encerrada a disputa, os jovens guardaram os anéis e doaram para um grupo da Udesc que arrecada o material de alumínio para trocar por cadeiras de rodas.