Os banhos não tomados mesmo com temperaturas passando dos 30ºC entre o Natal e o Réveillon, as cenas de caminhões pipas chegando às casas para suprir a falta de água em Florianópolis e em outras cidades litorâneas não devem prejudicar o turismo de Santa Catarina, na visão do secretário de Estado de Planejamento, Murilo Flores e o de Turismo, Valdir Walendowsky.

Continua depois da publicidade

Estado defende vinda de turistas com mais poder aquisitivo. Você acha que isso vai minimizar os problemas de infraestrutura em SC?

Para os dois, o Estado precisa caminhar para um trabalho de qualificar, na palavra deles, o turista que vem a Santa Catarina. Trazer pessoas que gastem mais e fiquem mais tempo passam pelos planos da Secretaria de Turismo.

Um pesquisa encomendada para a temporada passada mostrou que o turista brasileiro teve um gasto médio diário de R$ 93,63 em janeiro e o estrangeiro de R$ 112,56. O secretário explica que um número ideal seria de R$ 150 a R$ 200.

Continua depois da publicidade

Diário Catarinense – Já foram calculados os prejuízos para o turismo de Santa Catarina por causa da falta de água e de luz?

Valdir Walendowsky – É difícil calcular isso. Tivemos também um grande problema em 2008 com as enchentes. Também foi feito um alarde todo, mas nosso destino é muito bom e recuperamos toda a nossa imagem em 2008. Nem por isso deixamos de fazer a promoção do turismo, até porque não fazemos só para o verão.

DC – Mas não chegou nem a arranhar a imagem do turismo em SC?

Walendowsky – O problema foi muito pontual. A gente não pode se eximir de problemas, mas não é só culpar só o Estado, até porque muitas situações que ocorrem faltou competência dos municípios em relação à água.

Continua depois da publicidade

Murilo Flores – Saneamento básico é de responsabilidade municipal. A Casan é uma empresa onde o maior acionista é o governo do Estado, mas ela é contratada pelos municípios. Como o governo do Estado é o maior acionista, tem que assumir suas ações e seus problemas. A Casan está numa recuperação, que exige um esforço de longo prazo. Ela conseguiu negociar contratos importantes. Ela estava sem capacidade de investimento algum. Ela teve que ser organizada nos últimos anos. Você pega um local que tem 400 mil pessoas e no Ano-Novo vira um milhão, se você construir uma estrutura para um milhão e ficar ociosa o ano inteiro quem vai pagar é o contribuinte, o cidadão municipal. Tem que medir custo e benefício. Se compensa pela renda que o turismo vai trazer, tem que investir.

DC – Atrair turista não é de hoje. Quando vocês planejam a vinda do turismo para cá, não há conversa com outros setores como Celesc e Casan?

Walendowsky – Tem o lado todo imobiliário que não é turismo. Lado imobiliário não conversa com turismo. Nós temos as nossas reuniões dentro do governo durante o ano todo. Quanto eu falei que ia crescer o turismo nessa temporada? Eu falei como se comportava o mercado. Coincidiu uma extensão do feriadão, onde há uns anos as fábricas não estavam dando férias coletivas e nesse ano deram, inclusive fora de SC. Estávamos acompanhando os voos. Era a previsão de um crescimento.

Continua depois da publicidade

Flores – Vi alguém reclamando sobre a ideia de limitação, como já ocorre em Fernando de Noronha. a pergunta que a gente tem que fazer é qual o turismo que a gente quer? Se faz esse turismo de massa como na Ilha de SC não tem infraestrutura que chegue. Temos que focar mais em qualidade e trazer mais receita para a ilha. Mobilidade urbana a gente não dá conta no dia a dia do ano. Como vai resolver o problema de Florianópolis com esse povo?

DC – Não interessa o turismo como tem se falado de massa?

Flores – Temos que qualificar mais esse turismo. Vai em locais parecidos em Florianópolis e veja como o turismo é tratado. Estamos atrasados em 20 anos ao pensar nisso. Mas isso não é uma culpa exclusiva de governos. Eles têm falhado ao longo do tempo em não fazer com que investimentos em infraestrutura ande mais rápido.

DC – Mas vai recuar em chamar turistas para o Estado?

Walendowsky – O nosso trabalho é em cima do turista qualificado, que tem poder aquisitivo maior. Mas não podemos cercear a vinda de ninguém. Perfil do nosso trabalho é ir onde a gente quer atingir, buscar cada vez mais um turista com um gasto médio diário maior.

Continua depois da publicidade

Flores – A cidade não suporta um turismo baseado num gasto pequeno, mas ganha na quantidade.

DC – E em relação à declaração do presidente da Casan, Dalírio Beber, que insinuou que os problemas acabariam quando os turistas fossem embora? Essa é a solução, tirar os turistas?

Walendowsky – Desconheço. A questão das pessoas irem para algum lugar dentro do Brasil está na constituição, elas vão para onde quiserem. Não tem como cercear a vontade da pessoa em ir para algum lugar. O turismo para SC tem um lado econômico muito forte e social também. Não vejo fórmula de tirar, não tem como fazer isso. Temos que cada vez mais aprimorar todo o trabalho de investimento para melhorarmos a qualidade do turismo nas cidades.

DC – Medidas mais urgentes para evitar que isso volte a se repetir no feriadão do Carnaval em março, há algo sendo feito?

Continua depois da publicidade

Walendowsky – Saímos de uma reunião da Celesc agora, o presidente apresentou todo um trabalho de ações para minimizar problemas técnicos. São investimentos que estão sendo feitos e programados. Estão com uma série de equipes a mais do que foram previstas. Mas tudo que podiam fazer a Celesc já fez: ampliação de equipe técnica para ficar de plantão.

DC – Com a Casan já houve essa conversa?

Walendowsky – Estamos aguardando uma reunião com a Casan. Quarta-feira equipe técnica da Casan junto com Celesc vão fazer uma varredura do Norte da Ilha. São duas equipes técnicas para solucionar possíveis problemas que podem ocorrer. É preventivo.

Flores – A Casan está fazendo investimentos mas não vai atender ao Carnaval. São R$ 33 milhões só em água. São duas obras em licitação, como no Norte da Ilha, e uma em andamento. São de médio prazo.

Continua depois da publicidade

DC – A secretaria sempre faz uma pesquisa para ouvir o turista. Há receio de que a próxima eles vão continuar afirmando que vão voltar?

Walendowsky Não tenho dúvida que sim. O nosso destino é muito bom. A pesquisa não é só no Litoral é no interior.

DC – Não vai ser necessária uma campanha de recuperação da imagem, como venha porque vamos ter água e luz?

Continua depois da publicidade

Walendowsky – De forma algum. Não será preciso. O Estado é muito forte no conceito de imagem. Não será preciso fazer uma para melhorar a imagem.