“Economias de mercado funcionais costumam seguir um padrão de comportamento que parece estranho em economias de mercado menos avançadas: você não morde a mão que te alimenta. No caso de serviços turísticos, essa máxima se traduz em entregar ao cliente a qualidade pela qual ele está pagando. Para ajudar a cumprir essa máxima existem os sistemas de classificação hoteleira.
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O Brasil adotou o seu em 2011, o SBClass, que trouxe de volta as estrelas e é um compromisso que o país assumiu com os organizadores da Copa para evitar competição desleal entre hotéis. Ao deter o monopólio da distribuição das estrelas, o governo protege o turista e o empresário. Em tese, a ideia era perfeita. Mas a burocracia inerente à adesão, o temor da novidade e a incompreensão do caráter voluntário intimidaram os hoteleiros. Um ano em vigor, apenas 44 de 6 mil meios de hospedagem estão classificados. Com a Copa batendo à porta, precisávamos ligar o SBClass em turbo. Como? Não reinventando a roda. Ocorre que o Brasil possui há quase cinco décadas um sistema de classificação hoteleira. Ele é revisado anualmente por uma equipe anônima que viaja o país. E possui em sua carteira não 44, mas 4,5 mil meios de hospedagem. Falo do Guia Quatro Rodas, da Abril.
Por um termo de cooperação, a classificação do guia será incorporada ao SBClass. As “casinhas” do Quatro Rodas serão substituídas pelas estrelas. Multiplica-se por cem o número de estabelecimentos qualificados. Os turistas que vierem para a Copa saberão se este ou aquele estabelecimento merecem sua visita – e seu dinheiro. A confusão que reinou durante décadas na hotelaria ganha uma solução simples que estava escondida, mas ao mesmo tempo à vista de todos.“