O secretário da Segurança Pública de Santa Catarina, César Grubba, disse que há fatores culturais que podem explicar a liderança nacional do Estado na compra de armas.
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Por telefone, Grubba conversou com o DC na tarde deste domingo. Na entrevista, deu a sua visão sobre o assunto e também contextualizou o Estado em relação a outros lugares do Brasil.
O secretário ressaltou também os investimentos que estão sendo feitos para melhorar a segurança pública. Confira a seguir:
Diário Catarinense – Qual a sua avaliação sobre a liderança na compra de armas?
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César Grubba – Teria que ter mais tempo para trabalhar as informações com os índices de criminalidade. O próprio Distrito Federal aparece em primeiro lugar, capital da República, que tem a melhor relação polícia e número de habitantes do Brasil, as polícias mais bem pagas. Quer dizer, tem a questão cultural. Nós temos uma cultura muito grande de armamento, não só em Santa Catarina mas no Brasil.
DC – Por que o cidadão está comprando mais arma?
Grubba – Primeiro que quem compra arma tem poder aquisitivo, tem condições, atende os requisitos, residência, idoneidade. O que se imagina com isso: aquela sensação que tem o cidadão que com arma na cintura – se tiver o porte – que se sinta mais seguro, o que é uma falsa ideia. Essa população que como regra está mais protegida, está fora dessa faixa de maior violência, embora em Santa Catarina tenhamos nos últimos anos queda de criminalidade em relação a homicídios, roubos em veículos e a residências. Temos índices muito bons em Santa Catarina em relação a outros estados.
DC – A estatística então daria falsa ideia, além de termos a prática do tiro esportivo?
Grubba – Difícil só em cima de uma reportagem dessa, muito bem feita, mas para se ter uma avaliação precisa trabalhar o local em que mais ocorreu a compra de armas, a região. Quanto mais o Estado investir na prevenção menos ele vai investir na repressão.
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DC – Alguns especialistas dizem que o cidadão está comprando arma porque o Estado não está fazendo a sua parte. O que o senhor acha?
Grubba – Eu digo que, claro que o Estado tem que fazer mais, mas dizer que o Estado não está fazendo a sua parte… Temos que fazer mais, temos. Em dois anos foi investido muito na segurança em Santa Catarina. Vamos comprar kits de proteção individual para todos os policiais, entregamos 714 veículos em 2011 e 2012. Vamos entregar mais 1,6 mil veículos. Estamos dando equipamentos necessários para as polícias, estamos fazendo a recomposição de efetivo, com mais 1,5 mil policiais. Nunca houve incremento tão grande.
DC – O senhor não recomenda ao cidadão então, diante da situação atual, a compra de arma?
Grubba – Não, com certeza não recomendo. A arma é excelente instrumento de ataque, mas é péssimo instrumento de defesa. A pessoa que pensa que tem arma e com ela vai se defender deve saber que muitas vezes a arma pode ser a diferença entre a vida e a morte.
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