A reunião do presidente Jair Bolsonaro com o Colégio Nacional de Secretários de Segurança Pública (Consesp) na quarta-feira (22) gerou o assunto que dominou o noticiário de Brasília nos últimos dias. Negada por Bolsonaro nesta sexta-feira (24), a proposta de recriar o Ministério da Segurança Pública e esvaziar o Ministério da Justiça, hoje sob comando de Sergio Moro, foi sugerida pelos secretários estaduais na reunião e, naquele momento, vista pelo presidente como algo a ser estudado.

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A reunião na quarta-feira em Brasília não teve a presença de Moro, que sempre quis ter a Justiça e a Segurança em um mesmo ministério. O colegiado de secretários de segurança dos Estados fez a sugestão de divisão ao presidente Bolsonaro, que na reunião disse que iria estudar a proposta. A resposta teria gerado reclamações de Moro e motivou, nesta sexta-feira de manhã (24), o recuo de Bolsonaro. Em entrevista ao chegar à Índia para uma série de compromissos oficiais, o presidente disse que "a chance no momento [de criar um ministério da Segurança Pública] é zero".

Presente na reunião de quarta-feira quando a polêmica começou, o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Paulo Koerich, que é o atual presidente do Colegiado Superior de Segurança Pública e Perícia Oficial de SC, explica que o encontro com Bolsonaro não havia sido planejado, e que houve uma decisão do colegiado em levar o pedido de divisão do ministério, mas a escolha não teria sido unânime:

— O presidente do colegiado [o secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Teles Barbosa] foi quem falou. Não foi unânime a decisão de levar essa demanda, foi por maioria. Eu vejo que [o ministério] está funcionando do jeito que está. E como o presidente já descartou qualquer alteração, está resolvido. São questões de interpretação. Não posso falar em nome dos colegas [dos outros Estados], mas Santa Catarina continua alinhada com o Ministério da Justiça — afirmou Koerich em entrevista ao NSC Total.

Além da questão da divisão dos ministérios da Justiça e Segurança, os secretários estaduais levaram outras demandas ao presidente. Koerich diz que nenhuma pauta específica de Santa Catarina estava na lista pois o colegiado tratou "assuntos comuns" das várias regiões do Brasil.

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A pauta envolveu o orçamento do ministério da Justiça, repasses de recursos, isenção de impostos sobre equipamentos de segurança e a determinação, nos contratos de concessão, para que operadoras de telefonia façam o bloqueio de sinal de celular em áreas de segurança, como presídios. Bolsonaro disse que vai avaliar os pedidos "o mais rápido possível".