A Notícia – Qual é a avaliação do secretário com relação ao crescimento da violência em Joinville?
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César Augusto Grubba – É fato de nosso conhecimento. Nosso setor de inteligência já detectou o fenômeno. Em 2014, os homicídios aumentaram em Joinville, comparativamente com os dois anos anteriores. No primeiro semestre deste ano, há um viés de alta nas estatísticas, pois já foi ultrapassado a linha média da série histórica do período. Minha avaliação é de que as polícias locais precisam avaliar esses indicadores e agir de forma pontual e direcionada para os vetores que instigam essa incidência. Cito dois: tráfico de drogas e possível disputa entre facções criminosas.
No campo da polícia ostensiva, é preciso priorizar e reforçar o patrulhamento preventivo e repressivo nessas áreas. No campo da polícia judiciária, os inquéritos e investigações referentes a ocorrências ou alvos dessas regiões devem receber tratamento prioritário. Também é necessário aumentar o índice de resolutividade dos inquéritos policiais, que no caso de Joinville está abaixo do índice médio do Estado.
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AN – A situação é considerada preocupante?
Grubba – A taxa de homicídios em Joinville não é a maior do Estado. A cidade está em 3º lugar, abaixo de Criciúma e Chapecó. Essa taxa hoje é de 11,06 homicídios por grupo de 100 mil habitantes. Isso é preocupante, sim, mas não é desesperador, porquanto está apenas um ponto percentual acima da faixa de normalidade preconizada pela ONU (dez homicídios por 100 mil habitantes). Nossos esforços serão direcionados para reduzir esse indicador e, para tanto, estabeleci aos comandos das polícias a meta de obter isso até o final deste ano, iniciando uma reversão na curva estatística.
AN – Há alguma ação prevista para frear os crimes violentos em Joinville?
Grubba- Sim. E já está em andamento. As polícias locais foram alertadas e as inteligências estão apoiando o diagnóstico e os levantamentos necessários para definição das manchas criminais e suas características. Há uma força-tarefa da Polícia Civil atuando sobre inquéritos de homicídio, no intuito de reforçar o trabalho dos investigadores locais e aumentar a taxa de resolutividade para os crimes violentos. A Polícia Militar também está autorizada a deslocar efetivos de apoio para ampliar as ações repressivas nas áreas críticas identificadas.
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AN – Existe a possibilidade de aumentar o efetivo das polícias ainda neste semestre?
Grubba – Só há uma forma de aumentar os efetivos das polícias: concurso público e abertura de novas vagas com curso de formação. Fizemos isso 22 vezes no período entre 2011 e 2015, ou seja, foram 22 editais de concurso na segurança pública, que resultaram em 5.081 novos profissionais. Não resolveu por completo, porque o déficit histórico de inclusões de outros governos é muito alto.
Mas ao menos conseguimos o nosso objetivo, que é minimizar as perdas com as saídas para aposentadorias e reserva, cuja taxa também tem sido muito alta nos últimos anos. Especificamente para Joinville, vamos, sim, aumentar os efetivos. Isso ocorrerá quando tivermos autorização do grupo gestor do governo para iniciarmos os cursos de formação dos dois últimos concursos: da Polícia Civil e da PM. Não será neste ano, pois o tempo de academia de formação de um policial militar, por exemplo, é de nove meses.