O inquérito policial que indicia quatro pessoas pela matança de animais em Bom Jesus aponta o secretário de Desenvolvimento Econômico como o mandante do extermínio de 126 cães e três gatos na cidade. Os outros indiciados são funcionários da prefeitura.

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De acordo com o relatório policial, feito pelo delegado Flademir Paulino de Andrade, o secretário Rafael Oliveira Silveira, preocupado com os problemas causados pela proliferação de cães e gatos na cidade, teria encontrado a solução no extermínio dos animais. Ele teria convocado os outros três indiciados para a concretização da ação. À reportagem do Pioneiro, Silveira negou participação no crime.

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Os suspeitos foram indiciados pela polícia pelo crime de maus-tratos aos animais qualificado por morte e associação criminosa. Contudo, compete ao Ministério Público deferir acusação e ao Poder Judiciário decidir o caso.

O inquérito chegou na madrugada desta segunda ao Fórum e foi encaminhado ao Ministério Público ainda nesta manhã. Se o MP oferecer a denúncia, o processo retorna ao Fórum para que os réus sejam cientificados com prazo para apresentar a defesa.

O processo prossegue com a oitiva de réus e testemunhas em audiência, debates orais e sentença. Considerando os prazos legais e o recesso de final de ano do Fórum, é possível que a audiência não seja marcada antes de março do próximo ano.

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Caso condenados, as penas mínimas previstas para os crimes são de um ano de reclusão para associação criminosa e três meses e 15 dias para os maus-tratos. Em razão do número de animais mortos, a pena de maus-tratos pode ser aumentada em dois terços caso seja reconhecida a continuidade delitiva.

Contudo, é provável que a reclusão se converta em pagamento de multa e prestação de serviços à comunidade, como ocorre em crimes cuja condenação é inferior a quatro anos de reclusão.

Passo a passo da investigação

O delegado responsável pela investigação sobre a matança de cães e gatos em Bom Jesus divulgou novos detalhes sobre o crime. Ao contrário do que havia divulgado o delegado regional Carlos Alberto Defaveri, o delegado Flademir Paulino de Andrade confirmou que, dos quatro funcionários da prefeitura indiciados, apenas dois assumiram a participação no caso. Os demais negam envolvimento.

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Nos dias posteriores à matança, a Polícia Civil de Bom Jesus obteve um vídeo que mostra um Corsa Hatch circulando por uma rua central. O carro passou vagarosamente por um grupo de cães e se afastou. Não foi possível identificar a placa, mas os policiais observaram características como um adesivo e a cor. Em pouco tempo, chegou-se ao dono do carro, que era um funcionário da prefeitura de Bom Jesus.

A partir dessa informação, houve troca no comando da investigação da Polícia Civil, pois a delegada responsável se declarou impedida, já que mantém relação com um funcionário da prefeitura.

Na sexta-feira, dia 28, o delegado Flademir assumiu o caso. Com a identidade do dono do carro, os agentes tomaram o primeiro depoimento desse suspeito. Ele admitiu participação e atribuiu o envolvimento de outros três. Um segundo funcionário também assumiu ter ajudado no plano para exterminar os bichos. Os outros dois negaram.

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Segundo depoimento dos funcionários que assumiram o crime, na quarta-feira, dia 19 de novembro, o grupo adquiriu 10 quilos de sebo em um açougue. O veneno teria sido injetado no sebo, distribuído em pedaços para os animais em 10 pontos diferentes de Bom Jesus. Apenas dois participaram diretamente do envenenamento. Perto dos bichos mortos, a polícia também encontrou restos de frango assado.

No sábado pela manhã, os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão em cinco moradias. Em duas casas, eles recolheram quatro garrafas plásticas e um saco contendo veneno para matar lesma, herbicida e um líquido amarelado não identificado. Ainda não se sabe se esses produtos são os mesmos usados para matar os cães e gatos.

Uma das hipóteses da polícia é de que os bichos foram envenenados com pesticida usado para combater pragas em plantações de batata. Essa possibilidade também não se confirmou ainda porque a polícia aguarda o resultado de perícias.

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