Com um discurso incisivo e surpreendente, o diretor do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt de Joinville, Renato Castro, há 16 meses no cargo, anunciou nesta quinta o fechamento de dez leitos da UTI.

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Meses depois de os leitos terem sido reabertos em situação idêntica ocorrida em agosto, o anúncio ocorreu na sala de Castro, em meio a críticas veementes ao setor de recursos humanos da Secretaria de Estado da Saúde pela situação em que se encontra a unidade.

Para voltar ao normal, Castro diz que precisa de pelo menos mais um médico para atuar na UTI. Hoje, os 20 leitos estão todos ocupados e, à medida em que os pacientes forem saindo, as vagas de dez deles não serão mais repostas.

Castro deixou claro que sabe o impacto que a decisão pode gerar na saúde pública. Mas avisa que os pacientes continuarão sendo atendidos – se alguém chegar em estado grave, terá de ser transferido.

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– O Samu que decida. Isso é com eles. Se precisar, que procurem em outro lugar do Estado -, disse, citando o serviço que recebe as demandas de leitos de UTI, regulados pelo Estado.

Questionado se hospitais particulares poderiam atender à demanda, o diretor respondeu de bate-pronto.

– Isso não é comigo. É responsabilidade do Estado oferecer leitos de UTI.

Mais uma vez ele disse que os 41 cargos homologados no último concurso não bastam para resolver a situação.

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– Avisei o RH antes de o concurso ser lançado. Mas parece que, na secretaria, só o andar do secretário é que funciona, o resto não sei o que faz lá -, critica.

Castro lembra que, em agosto, fechou dez leitos por falta de enfermeiros e técnicos de enfermagem e que o problema foi resolvido no início do ano. Mas hoje, também está defasado.

– Precisamos de 129 técnicos de enfermagem na UTI, mas temos 77.

Além disso, Castro cita o fato de ter de conviver com demissões e transferências.

– Só nesta quarta foram duas demissões. Essa é a média, dois pedidos por dia, principalmente do pronto-socorro e da UTI.

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“Angústia”

Ainda sem saber “o inteiro teor” das declarações do diretor do Regional de Joinville, indicado em sua gestão, o secretário da Saúde, Dalmo Claro de Oliveira (PMDB) disse à tarde compreender “a angústia” vivida por Castro, citando o mesmo termo que usou em março, quando foi anunciado o concurso para o Regional.

– A angústia dele é a minha também -, disse o secretário, que ressaltou que o problemas do hospital são encontrados hoje em outras unidades estaduais de Santa Catarina.

De acordo com Dalmo, a falta de pessoal e de dinheiro disponível no orçamento, além dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, têm impedido socorro imediato por parte da secretaria estadual.

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– Não esperava a manifestação de Castro, mas compreendo -, disse ele.

Dalmo afirmou ter se reunido com o governador Raimundo Colombo (PSD) nesta quinta, quando foi acertado o chamamento de 20 médicos entre os aprovados no concurso de abril. São os que a direção acredita serem necessários para manter a UTI e a emergência.

– Queremos resolver isso em 60 dias -, avalia.

Dalmo voltou, ainda, a citar a importância que a polêmica entrega da gestão do hospital para uma OS terá para resolver os problemas de falta de pessoal e de infraestrutura sucateada que sufocam o Regional.

– Uma OS conseguiria responder mais rapidamente -, argumenta.

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