A um dia do final da 13ª Conferência das Partes sobre o Clima (COP-13), o andamento das negociações parece não corresponder à urgência do problema do aquecimento global anunciada pelos cientistas. Ao fazer um balanço do encaminhamento da reunião, o secretário-executivo da Convenção-Quadro da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, Yvo de Boer, disse nesta quinta-feira que está “muito preocupado” com o ritmo das conversas e que teme a falta de resultados ao final da reunião.

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Um dos principais impasses que têm atrasado as decisões ministeriais é a inclusão de uma referência a metas mundiais de redução de emissões de gás carbônico de 25% a 40% até 2020, defendida pela União Européia (UE) e alvo de resistência de países como Japão, Canadá e, principalmente, Estados Unidos.

A delegação americana argumenta que a menção a metas no texto do chamado Mapa do Caminho – roteiro que sairá de Bali (Indonésia) para a definição do futuro regime após o primeiro período do Protocolo de Kyoto – representaria uma antecipação e um prejulgamento das negociações, que devem ficar para 2009.

– Meu próprio país é o responsável por obstruir as negociações em Bali – reconheceu o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, ganhador do prêmio Nobel da Paz deste ano junto com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).

Em um auditório lotado e em um discurso várias vezes interrompido por aplausos, Gore pediu que os países avancem nas negociações sobre as questões climáticas, independentemente das decisões do governo americano. A posição dos EUA irritou a UE, que hoje ameaçou boicotar a reunião sobre mudanças climáticas convocada pelo presidente George W. Bush para janeiro de 2008, no Havaí, caso os americanos não colaborem com as negociações em Bali.

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– Se não chegarmos a bons resultados aqui (em Bali), não fará sentido outra reunião – afirmou o ministro do Meio Ambiente de Portugal, Humberto Rosa.

De acordo com o embaixador extraordinário para mudanças climáticas e porta-voz da delegação brasileira em Bali, Sergio Serra, o Brasil deve comparecer à reunião de Bush.

– Mas deixamos claro que não abrimos mão do foro multilateral (a ONU) – ressaltou.

A previsão é de que a COP-13 termine amanhã. O resultado final deverá indicar o rumo das negociações do documento que substituirá o Protocolo de Kyoto após 2012, quando expira o primeiro período de compromisso do acordo.