A devolução de verba prevista no orçamento da Secretaria de Defesa Civil (SDC) e do Fundo Estadual da Defesa Civil (FEDC) ao governo de Santa Catarina virou uma rotina todo final de ano. Apenas em 2014, um total de R$ 130 milhões, quase 80% do orçamento anual de R$ 166 milhões, retornou aos cofres do Executivo apenas da Defesa Civil, segundo dados do Sistema Integrado de Planejamento e Gestão Fiscal Módulo de Acompanhamento da Execução Orçamentária (Sigef). Nos anos anteriores, a situação não foi diferente. À frente da SDC desde janeiro de 2013, Milton Hobus promete para o final do ano um centro de logística móvel para evitar que o socorro não seja atendido por falhas de comunicação.

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A SDC tem devolvido dinheiro aos cofres públicos. Por que esses valores não são utilizados em obras e preparação de profissionais para prevenção e alerta de desastres naturais?

O que acontece muitas vezes é que contingenciamos valores, com um plano de investimentos responsável, o que não é gasto passa para o ano seguinte. Em alguns casos, temos dificuldades, como a aceitação de prefeituras para receber barragens. Além disso, alguns tipos de verba, como a do FEDC, pedimos sempre um valor mais alto para termos dinheiro em casos de emergência, como o tornado. Por exemplo, utilizamos R$ 3,2 milhões para compra de materiais para Xanxerê e Ponte Serrada. Isso sai do orçamento de R$ 35,8 milhões do fundo para o ano de 2015.

Alguns especialistas em meteorologia alertaram sobre a necessidade de um radar no Oeste do Estado. Se há dinheiro em caixa, por que ainda não foi investido na compra ou conserto de equipamento?

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Assinamos um termo de cooperação com o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sinpdec), que já fez até licitação de dois radares: um no Sul do Estado, na divisa com o Rio Grande do Sul; e o outro na região de Chapecó. O governo federal se responsabilizaria pela aquisição dos radares e nós pela implantação e manutenção, o que nos daria uma economia de pelo menos R$ 5 milhões em cada radar. Isso já está garantido, então se nós compramos um radar, será um gasto desnecessário.

Serão utilizados no Centro de Monitoramento. Quando vai começar a funcionar esse Centro e como será o trabalho com o departamento de meteorologia da Epagri/Ciram?

O projeto está em fase de elaboração e deve começar a operar em junho de 2016. Ele deve reunir todo o trabalho de estudo e monitoramento meteorológico e de prevenção a desastres naturais do Estado, então deve incorporar a meteorologia da Epagri/Ciram. Até lá, quando não houver acompanhamento do órgão, vamos ter a ajuda da equipe do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), através de um contrato que deve começar a valer a partir de maio.

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Na tarde da última segunda-feira, não havia profissionais na Epagri/Ciram acompanhando os dados meteorológicos para emitir um alerta. Com essa limitação de horário no órgão, não houve um erro de planejamento da Defesa Civil para fechar o contrato de colaboração do Simepar?

A Epagri tomou essa decisão de mudar o horário dos meteorologistas sem nos avisar. Infelizmente, até ele começar a valer, teremos algumas dificuldades no acompanhamento meteorológico.

Durante as ações pós-tornado se detectou falta de estrutura no Oeste, como falta de pessoas e falha nos equipamentos de comunicação. O que o Estado pode fazer para melhorar isso?

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Está previsto no Orçamento deste ano a criação de um Centro de Logística. Trata-se de um ônibus com sala de situação, internet e sistema de comunicação para eventos extremos. O projeto foi feito ano passado e está sendo concluído para ser aberta a licitação e aquisição de equipamento. Concordo que neste tornado houve prova de que não conseguia comunicação. O veiculo ficará conectado com um centro em Florianópolis. O custo será de R$ 800 mil e até o final do ano o veículo estará disponível.