A fuga de sete detentos da Penitenciária da Canhanduba, na tarde de quinta-feira, mais uma vez colocou em xeque a segurança do complexo penitenciário de Itajaí, considerado modelo no Estado. Em fevereiro, oito presos fugiram do presídio após serrarem as grades de uma janela que dava acesso para a área externa.

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Uma grade também foi serrada nesta quinta. Mas, desta vez, a fuga ocorreu na penitenciária, que fica no mesmo complexo. Imagens de uma câmera de monitoramento registraram o momento em que os detentos escapam da unidade: eles aproveitam a entrada de um caminhão, quando os portões estavam abertos, e correm em direção aos fundos da penitenciária.

Ao contrário da fuga de fevereiro, quando a mobilização dos presos ocorreu na madrugada, a evasão desta quinta foi registrada em plena luz do dia. Assim como no caso anterior, o secretário-adjunto da Justiça e Cidadania, Leandro Lima, reconhece que houve falha e garante que haverá punições.

À reportagem, o secretário confirmou que serão providenciadas mudanças estruturais no complexo e que as direções do presídio e da penitenciária passam por avaliação. Mudanças nas gerências não estão descartadas, embora a administração do sistema prisional afirme que é cedo para apontar responsabilidades. Procedimentos de segurança, como o reposicionamento de postos dos agentes, também foram revistos após a última fuga.

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—Ainda é incipiente, mas a gente vai avaliar o desempenho dos gestores nessa questão. Todos estão sendo avaliados — garantiu.

As últimas fugas no sistema prisional catarinense continuam em apuração pela corregedoria. A sindicância da evasão de oito detentos da Penitenciária de Blumenau, ocorrida dia 6 de fevereiro, terminaria neste sábado, mas será prorrogada por um mês. O prazo da sindicância que apura a fuga anterior na Canhanduba, dia 12 de fevereiro, ainda não terminou, mas também deve ser prorrogado por mais um mês.

Conforme Leandro Lima, ainda não houve punições e ambas as sindicâncias serão estendidas devido à espera por laudos periciais e auditorias em imagens.

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Leia também: Comissões da OAB identificam falhas estruturais e de procedimento em unidades prisionais de Itajaí

Entrevista com Leandro Lima, secretário-adjunto da Justiça e Cidadania

“Vai ser necessária uma intervenção de ordem estrutural” 

O que foi constatado em mais esta fuga?

Não há como negar a falha. Aquilo que eu havia dito, de que a resposta seria emblemática, a resposta será emblemática. Mas estamos dentro dos prazos legais para a conclusão das sindicâncias de Blumenau e Itajaí. Estamos identificando dificuldades de procedimento. Inclusive, no caso das duas empresas das duas unidades, que trabalham em co-gestão, vamos propor alguns ajustes e notificações formais às empresas naquilo que for apontado como falha das empresas. 

 Que tipo de medidas serão revistas?

O reposicionamento de postos de segurança, a forma como os procedimentos acontecem. Não só a forma, mas também a quantidade desses procedimentos. Algumas medidas já foram tomadas no dia de hoje (sexta-feira). Vai ser necessária uma intervenção de ordem estrutural, de construção, de algumas adequações físicas voltadas ao aprimoramento da segurança. Uma avaliação bastante rigorosa quanto ao que está previsto contratualmente das empresas conosco para saber se não está havendo falha, negligência por parte das empresas. E também uma avaliação de gestão das unidades. Vamos avaliar a questão dos diretores e chefes de segurança, que precisam também ser avaliados para sabermos se estamos errando em algum procedimento. Mas é fato que a unidade está superlotada. O grande mal que aflige as unidades onde ocorreram as fugas de 2017 são decorrentes da superlotação em determinadas unidades do Estado.

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O senhor fala em avaliação de gestão. Mudanças vão acontecer?

Ainda é incipiente, mas a gente vai avaliar o desempenho dos gestores nessa questão. Todos estão sendo avaliados.