A posse de Silvio Almeida à frente do Ministério dos Direitos Humanos, na terça-feira (3), foi uma das mais concorridas do novo governo. Estiveram presentes vários ministros escolhidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e com forte representatividade entre as mulheres, como Anielle Franco (Igualdade Racial), Sônia Guajajara (Povos Indígenas), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos), Cida Gonçalves (Mulheres), Marina Silva (Meio Ambiente) e Ana Moser (Esporte).
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Na primeira fila, a ex-jogadora de vôlei e agora ministra não era a única catarinense que se fazia presente. No palco, atenta ao discurso humanizado do ministro, estava Anna Paula Feminella, 50 anos, escolhida por Silvio Almeida para ser a secretária nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. O órgão integra a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e atua na articulação e coordenação das políticas públicas voltadas para pessoas com deficiência.
— Precisamos trabalhar na eliminação do capacitismo (discriminação em razão da pessoa ter deficiência) e na garantia da acessibilidade (arquitetônica, comunicacional, urbanística, nos transportes, no acesso à serviços públicos) — promete a nova secretária.
O olhar da nova secretária também deve estar voltado para algo que o movimento social mantém como forte bandeira: proteger os direitos das mulheres com deficiência, as quais sofrem três vezes mais violências. Os números mostram que o maior número de casos é violência doméstica, comunitária e institucional. Entre as ideias está o de estimular a denúncia sobre atos abusivos e melhorar o real diagnóstico para a formulação de políticas públicas.
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Acidente doméstico a tornou cadeirante
Nascida em Florianópolis, Anna Paula graduou-se em Educação Física pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), em 1994, e se tornou especialista em Educação Física Escolar pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 1996. Professora de Educação Física da rede pública municipal foi do movimento sindical e militante do Partido dos Trabalhadores.
Em 2003, após se casar, sofreu um acidente doméstico que a tornou cadeirante: a coluna onde estava presa uma rede em que descansava desabou e ela teve lesão na coluna.
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– O meu marido estava inaugurando a rede, estava deitado, quando botei uma perna para subir na rede junto com ele, por trás de mim (eu não caí da rede), veio a coluna e me soterrou com seus 150 quilos de tijolos e cimento. A lesão foi no final da coluna, deu problema na cervical e fiquei paraplégica – conta ela.
Foi a possibilidade de tratamento no hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, referência no atendimento em traumas, que a levou para a capital federal. Lá, Anna reconstruiu a vida: separou-se do marido, restabeleceu novo relacionamento e teve o maior desafio da vida: a gravidez numa cadeira de rodas. Um período de muitos desafios, e rara beleza.
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A menina, hoje com 10 anos, nasceu saudável e é um dos encantos da vida de Anna Paula.
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Compromisso com justiça social e igualdade de oportunidades
Mulher comprometida, é daqueles que não sossega. Em 2012, fez Gestão Pública na Escola Nacional de Administração Pública (Enap). Servidora efetiva da Escola Nacional de Administração Pública desde 2010, Anna Paula atuou na coordenação do Programa de Inclusão de Pessoas com Deficiência no Governo Dilma Rousseff (2014-2016) e no Programa de Inclusão de Pessoas com Deficiência da Enap (Escola Nacional de Administração Pública).
Em 2021 assumiu como coordenadora local de pesquisa nacional da Fundação Oswaldo Cruz sobre “O Conhecimento da Atenção Primária em Saúde sobre Deficiência”. No mesmo ano abraçou a coordenação do Setorial de Pessoas com Deficiência do PT do Distrito Federal.
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Anna Paula enfatiza que a inclusão das pessoas com deficiência é uma questão de cidadania e Direitos Humanos. Ela diz ainda que a inclusão requer significativas transformações sociais, com ações específicas que busquem a equiparação de oportunidades, além do desenvolvimento de políticas públicas intersetoriais que considerem as deficiências como diferenças humanas, sem reduzi-las a uma mera questão técnica:
— Precisamos respeitar as especificidades, limitações e individualidades, colocando a questão das pessoas com deficiência no âmbito da afirmação de direitos, com garantia de justiça social, igualdade de oportunidades e, ao mesmo tempo, o exercício das diferenças com dignidade.
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