Larissa Grun Brandão do Nascimento, 28 anos, é joinvilense e é formada em administração e em direito. Ela iniciou a carreira na Prefeitura em 2 de janeiro de 2013, quando assumiu cargo na Controladoria Geral do município.
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Em outubro de 2013 foi convidada a assumir interinamente a direção executiva da Secretaria de Saúde, onde acabou efetivada e permanece até hoje.
Nesta quarta-feira, com o afastamento do secretário de Saúde, Armando Dias Pereira Junior, Larissa foi convidada a assumir interinamente a pasta.
Confira entrevista com a secretária interina:
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A Notícia – Com a saída do secretário Armando Dias, a senhora já tem um plano de ações desenvolvido para seus primeiros dias na pasta?
Larissa Nascimento – Nós já estamos implantando uma série de mudanças administrativas que impactam nas necessidades, desde percalços nos processos licitatórios, como buscar dar agilidade aos tramites administrativos e efetividade na questão das filas que hoje é o que mais reflete negativamente. Em alguns casos específicos, já estamos sentido os bons efeitos.
Um dos exemplos é a cirurgia de catarata que estão sendo realizadas desde novembro do ano passado por meio de edital de credenciamento que nós lançamos. Existia uma demanda reprimida muito grande por falta de profissionais em rede própria que realizassem essas cirurgias. Fizemos chamamento público, abrimos edital de credenciamento e habilitamos empresas e profissionais.
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Outro exemplo foi a situação da neurologia. Nossa fila por consultas é muito grande. Buscamos profissionais e os realocamos na Unidade Básica de Saúde do Saguaçu. Lá temos três médicos atendendo a comunidade como se fosse um pequeno centro neurológico. Essas duas situações já eram alvos de ações civis públicas.
A Notícia – A liminar que determinou o afastamento tem relação direta com o descumprimento de ordens judiciais que exigiam o atendimento de pacientes em lista de espera. No seu entendimento, a secretaria tem condições de cumprir essas ordens? Prevê dificuldades?
Larissa Nascimento – Todas as demandas que já tem ações são consequentemente nossas filas mais críticas. Sem dúvida a prioridade é tratar dessa situação. São 16 ações civis públicas. Temos inúmeras filas que se dividem da seguinte forma: consultas, exames especializados e cirurgias. E as ações precisam ser cumpridas, não tem alternativa. É uma questão pública, de respeito ao cidadão.
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Nós não podemos continuar convivendo com a situação que a secretaria se encontra, de achar que essas filas são normais, elas não são normais. Alguma estratégica precisa ser encontrada para minimizar essa situação. Não tem uma formula mágica e sim muito trabalho, estudo e muito raciocínio pra saber qual é a melhor medida para cada fila em si. Precisamos encontrar alguma solução e compartilhar junto com o Judiciário e o Ministério Público. Fazer eles entenderem também a nossa dificuldade.
A Notícia – Foi apontada omissão em relação a uma série de intimações da Justiça que voltavam sem resposta. A secretaria ficará mais atenta às reivindicações do Ministério Público e às ordens judiciais daqui pra frente?
Larissa Nascimento – Sem dúvida, com transparência e seriedade. Eu preciso que eles entendam os motivos pelos quais eu não consigo resolver uma situação no tempo em que eles nos propõe o cumprimento, com técnica, sabendo o que estou falando. Não estou dizendo que a gente vai conseguir cumprir cem por cento das decisões judiciais, mas a gente vai precisar, a partir de hoje, estabelecer um elo, para que eles entendam qual é o funcionamento da Secretaria da Saúde e entendam onde estão os nosso entraves, para que a gente não deixe de cumprir e sim explique a situação, porque de fato alguma solução precisa ser encontrada.
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A Notícia – A liminar ainda determina que a Prefeitura, dentro de 30 dias, explique qual o procedimento adotado na elaboração das listas de espera pela realização de atendimentos na rede pública municipal. No momento, a secretária já tem condições de detalhar esse procedimento? De que forma ele ocorre?
Larissa Nascimento – Estamos checando, fazendo o mapeamento. Me parece que não é uma única lista que consta nesta ação judicial, existem listas, inclusive, de um período em que eu nem estive aqui na secretaria. Estamos tomando conhecimento de tudo o que consta nos autos para mostrar com técnica exatamente como essas informações foram extraídas do sistema e tentar esclarecer a situação da melhor forma possível.
A Notícia – A senhora pretende manter a intenção que o secretário Armando Dias tinha em fazer com que instituições privadas se encarreguem da reposição temporária de médicos?
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Larissa Nascimento – Eu não tenho nenhuma opinião formada com relação a isso. Primeiro porque a gente esbarra numa questão legal que precisa ser analisada pela Procuradoria Geral do Município. Podemos ou não caminhar por este caminho? Então, precisamos sim aproveitar o nosso bom servidor, entender a dificuldade dele. Temos pessoas excelentes dentro do quadro, que são referência em muitas áreas. Precisamos entender as dificuldades que eles tem em fazer girar a demanda de trabalho para depois pensar em qualquer outra alternativa.
A Notícia – De que forma a senhora acredita que é possível resolver outros problemas da saúde que impactam diretamente na vida do cidadão, como as dificuldades de atendimento na emergência do Hospital São José e a falta de leitos de UTI?
Larissa Nascimento – Existe uma séria de ações que junto com o diretor-presidente do Hospital já começou a acontecer no ano passado. Não medimos esforços para ativar os 47 leitos do pronto-socorro. Temos uma série de processos licitatórios que serão lançados a partir da próxima semana contemplando a utilização dos 14 milhões que foram repassados pelo Governo do Estado para equipar todo o complexo Ulisses Guimarães e ativá-lo por completo até o final do ano.
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Posterior a isso, precisamos reformar o centro cirúrgico do hospital e lançar todas as filas de cirurgia num sistema de regulação do Ministério da Saúde, na internet. Isso vai nos permitir dar publicidade à fila cirúrgica com muita transparência e a identificar as áreas que mais precisam de um especialista. Um passo de cada vez, mas tem muito o que ser feito. Sabemos onde queremos chegar e precisamos melhorar essa situação. Do jeito que está não pode ficar.