A Secretaria de Estado da Fazenda de Santa Catarina autorizou o início imediato de fiscalização nas contas da empresa Arxo, para apurar denúncia de sonegação fiscal.

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A fabricante de equipamentos para combustíveis, com sede no Balneário Piçarras, está sendo investigada na nona fase da Operação Lava-Jato e foi acusada de ter utilizado notas fiscais frias para levantar recursos destinados a pagamento de propinas. O objetivo seria obter informações privilegiadas em negócios com a Petrobras.

– Em função da repercussão nacional do caso Arxo, a secretaria decidiu dar prioridade à apuração das denúncias e a fiscalização começará imediatamente – informou o secretário-adjunto da SEF, Almir Gorges.

O secretário refere-se à denúncia, feita no dia 15 de janeiro deste ano, pela ex-gerente financeira da empresa, Cintia Provesi Francisco. Ela encaminhou um e-mail à Fazenda, na qual afirmava que, entre 2013 e 2014, a Arxo teria deixado de debitar R$ 812.897,73 de créditos de ICMS.

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A ex-funcionária também enviou uma relação de notas fiscais e pediu atenção da Fazenda para o fato de que todas as notas mencionadas não possuíam conhecimento de frete e nem pagamento a fornecedores na data, “por se tratar de compra de papel”, afirma Cintia na denúncia.

Crédito

A Fazenda vai apurar se a Arxo se encaixa no caso de retenção de crédito indevido. No procedimento correto, quando uma empresa adquire determinada mercadoria, a nota fiscal emitida pelo fornecedor inclui o percentual de ICMS, que se transforma em crédito para a empresa cliente e será descontado na hora da venda.

Mas se a compra é de fachada, para justificar a saída de recursos, como alega a denúncia, não há uma mercadoria a ser revendida. Nesta situação, a empresa consegue o crédito de ICMS e não realiza o débito depois. Por reter este crédito indevido, o governo deixa de arrecadar tributos.

A Arxo informou na tarde desta terça-feira que abriu auditoria interna para apurar todos os processos de emissão de notas nos últimos dois anos na empresa.

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Investigação

Demitida da empresa em novembro do ano passado, Cintia Provesi Francisco também procurou o Ministério Público Federal e sua denúncia colocou a Arxo entre os principais alvos da nona fase da Operação Lava-Jato.

Durante a investigação, a Receita Federal analisou a situação das empresas que seriam usadas para disfarçar os pagamentos de propina com notas fiscais frias.

Em seu parecer, no dia 30 de janeiro, constam situações como a de uma empresa que teria vendido aquilo que nunca comprou e de outra que só tem uma funcionária, contratada em outubro de 2014, sendo que a emissão de notas fiscais eletrônicas ocorria desde março de 2014, além de coincidências de endereços e volume de compras inferior ao de vendas.

No depoimento ao Ministério Público Federal, Cintia afirmou que para baixar formalmente os valores que aparecem na contabilidade como “caixa-banco”, eram adquiridas notas de terceiras empresas ao custo de 5,5% do valor da nota.

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