A secretária da Justiça e Cidadania, Ada De Luca, rompeu o silêncio que vinha marcando a sua atitude desde o recomeço dos atentados, na semana passada.

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Em tom de desabafo, ao final da entrevista coletiva do governador, nesta segunda-feira à tarde, repudiou a agressão contra presos filmada em Joinville e se disse traída por agentes.

Em meio à pressão e ao desgaste dos novos atentados, a secretária demonstrou pela primeira vez o descontentamento com as críticas e os problemas no sistema prisional.

Foi a sua primeira manifestação de forma mais ampliada a respeito. Ela o fez assim que Raimundo Colombo iria encerrar a entrevista coletiva, quando pediu a palavra e afirmou estar se sentindo traída pelo que fizeram os agentes no Presídio de Joinville.

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Ada se refere à equipe de intervenções táticas de Florianópolis criada por ela e o diretor do Departamento de Administração Prisional (Deap), que age para conter motins nas cadeias do Estado.

Depois, em entrevista ao DC, ela não quis explicar os motivos pelos quais acionou no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) o juiz João Marcos Buch, de Joinville.

Na sexta-feira, o magistrado da Vara de Execução Penal autorizou o acesso e a divulgação pelos meios de comunicação do vídeo das imagens gravadas no Presídio de Joinville. Conforme a secretária, ela determinou o afastamento de 14 agentes filmados no episódio.

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Ada, que é deputada estadual licenciada do PMDB, tem sido até agora elogiada internamente pelo governo por causa daquela que é a sua principal meta à frente da Justiça e Cidadania: incentivar o trabalho pelos presos na cadeia e a ressocialização. Hoje, segundo o governador, há seis mil presos envolvidos com o trabalho nas prisões do Estado.

Nos bastidores, Ada estaria se queixando de ser alvo de fogo amigo dentro do sistema prisional. Um dos motivos seria por trocas em direções de presídios que fez desde que assumiu a secretaria, em 2011, optando por gestores técnicos ao invés de cargos de confiança ou de pessoas com envolvimento político.

ENTREVISTA: Ada De Luca, secretária da Justiça e Cidadania:

Após a coletiva do governador, Ada De Luca falou rapidamente sobre a crise no sistema prisional:

Diário Catarinense – Como está se sentindo em meio a mais uma crise?

Ada De Luca – Eu nunca fui de fugir de luta nenhuma. Tu sabes disso. Quem me conhece, sabe meu passado, minha história. Tenho 64 anos e não estou lá para brincar. Se eu deixasse como estava que razão eu teria para estar lá? Aí sim era cara de paisagem. Agora, não sou é de dar entrevista…

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DC – Agora parece que saem as transferências para o RDD…

Ada – Mesmo na hora que sair vocês não vão ficar sabendo.

DC – O que esperamos é que parem os atentados… E quais os motivos?

Ada – Foram expostos aqui. Combate ao tráfico, fechamento dos morros, a prisão da advogada. A ressocialização está incomodando horrores.

DC – A senhora falou na coletiva em traição (em relação a agentes atirando contra presos)…

Ada – Claro, porque essa equipe (de intervenção) não tinha aqui e eu e o Leandro organizamos e montamos.

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DC – Havia câmeras, tudo é filmado, eles (agentes) sabiam disso…

Ada – Tá certo. Aí está na minha cabeça e na do Leandro o ponto de interrogação.

DC – O que aconteceu em relação ao juiz João Marcos Buch (de Joinville, que autorizou a divulgação do vídeo em que agentes atiram contra os presos) e a senhora?

Ada – Eu também não sei, eu nem conheço.

DC – Mas por que a senhora o acionou no Conselho Nacional de Justiça (CNJ)?

Ada – Só se tu fores na secretaria para eu te dar as notificações que ele me deu. O Leandro (Leandro Lima, diretor do Deap) assinou comigo (a representação).