“O time na Série A foi buscar um goleiro na Série C”. Com esse tom de desconfiança, há dois anos, Luiz assumia a camisa 1 do Criciúma. Em poucos jogos, a relação com a torcida já andava de vento em popa, até que uma lesão trouxe de volta uma má lembrança. Foi quase um ano parado no São Caetano por causa do joelho, e a incerteza da permanência no clube catarinense se tornou mais forte com a queda à Série B. Recuperado, Luiz pediu para a direção do clube paulista mantê-lo no Tigre, e sobre essa decisão, a torcida só tem a agradecer.
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Luiz tem contrato até 2020 e já está mais do que ambientado à cidade. Ao lado da esposa Viviana e dos filhos Kayan, 10, e Adryan, 5, a família espera a casa ficar pronta, pois decidiu que é por aqui que pretende ficar. Colado no G-4, o Tigre quer voltar ao topo da tabela, e conta com a experiência do capitão de 33 anos para reconquistar o seu lugar na elite do futebol.
Você chegou desacreditado, e hoje é um ídolo. Como foi essa mudança?
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A primeira coisa que foi falada: o Criciúma está na Séria A e foi buscar um goleiro de Série C, que machucou em 2013. Na época, eu disse: “Tudo bem. Para mim, não é novidade alguma encarar desafios”. Quando cheguei, foram quatro partidas e caí nas graças da torcida, o pessoal gostou do trabalho.
Dos 100 jogos recém-completos, quais os momentos mais positivos?
Um deles foi quando vim para cá, para um clube que te abre as portas, para mim já foi uma coisa fantástica. A defesa dos pênaltis também, duas vezes na mesma partida (contra o Bragantino, em julho do ano passado), não se vê todo dia.
E negativos?
A lesão em 2014. Estava jogando bem, me machuquei e já passa um filme na cabeça, mais uma vez no joelho, a lembrança de 2013. Graças a Deus, não foi tão séria, acabei voltando e começando 2015 do zero. Às vezes, a gente lamenta alguns erros. A própria Copa do Brasil, naquela época o Petkovic disse: “Se for para os pênaltis, você vai bater, mesmo você não querendo, porque você pode errar. Não posso colocar um jogador que está chegando agora e, se ele errar, amanhã ou depois ele pode não estar mais aqui”.
Mas o torcedor entendeu, e vocês mantêm até hoje uma boa relação.
Eu saí aplaudido, o torcedor gritou meu nome. Ali eu senti a obrigação de melhorar sempre, de ir criando uma imagem com o clube, uma identificação, não só dentro de campo. Se eu tenho respeito, é pelo clube e pelo torcedor, a partir do momento em que não há respeito, encerra ali, aí eu prefiro não continuar.
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O que a torcida pode esperar para essa Série B?
A vontade nossa é o acesso. Sempre foi e sempre vai ser. Até o ultimo jogo que tiver chance a gente vai brigar. A gente pede que o torcedor sempre nos apoie, a gente sabe que ele está ferido porque 2014, 2015, não deu em nada, então estão meio que apreensivos, mas precisa ter um pouco mais de calma. Mas a calma é só deles, não a nossa, a gente vai buscar coisas boas.
E nas horas de lazer, o que a família gosta de fazer?
A gente costuma ir no shopping com as crianças, jogar videogame. Também passo bastante tempo lá na garagem, eu tenho carro antigo, gosto bastante. Às vezes, saio com ele dar umas voltas, mando lavar e já guardo de novo, tem que cuidar direitinho. Tenho uma coleção de carrinhos, mas lá em São Caetano (SP), a mulher briga quando eu compro, mas ela não entende. Quando eu tinha seis, sete anos, o pai não tinha dinheiro. Pegava a lata de óleo, colocava areia dentro, botava um arame, fazia uma alcinha e sai arrastando, essa era o meu carrinho.
Vocês já estão identificados com Criciúma, se sentem parte da comunidade?
O futebol proporciona muita coisa, é uma coisa que as pessoas amam. Todo mundo adora o Criciúma, e se você puder ir em algum lugar, se puder chamar atenção, todo mundo vai ajudar aquela causa. A gente participa, gosta daqui, as crianças já estão ambientadas no colégio, tem os amigos. Estamos construindo nossa casa, a intenção é ficar por aqui, mesmo depois, pois a região é muito boa.
E quem sabe trabalhar com o Criciúma?
Se Deus quiser, tomara, mas está longe de eu parar ainda.