Ao menos 132 pacientes com coronavírus estavam na fila de espera por um leito de terapia intensiva no Oeste de Santa Catarina, na manhã desta sexta-feira (12), segundo relatório interno do Estado. Somente no Hospital Regional São Paulo, em Xanxerê, 31 pessoas aguardavam por uma vaga de UTI, de acordo com o informe da unidade divulgado todas as manhãs. Outros 138 pacientes já internados em terapia intensiva lutam contra a doença na região. A situação, vivida pelo médico intensivista de Maravilha, Robson Alexandre Vieira de Souza, é um retrato do avanço da pandemia na região.
Continua depois da publicidade
> Clique aqui e receba as principais notícias de Santa Catarina no WhatsApp
> Imagens flagram pacientes com Covid em Chapecó em poltronas e leitos improvisados
Na linha de frente contra a doença, Souza avalia que o vírus mostrou sua verdadeira agressividade no início deste ano, quando matou, em um único mês, nas cidades da região, quase o mesmo número de pessoas que perderam a vida durante um ano inteiro de pandemia. Um exemplo disso é Chapecó.
No dia 25 de janeiro, a maior cidade do Oeste catarinense acumulava 136 óbitos por complicações do vírus, segundo boletim da Secretaria de Estado de Saúde. Um mês depois, em 25 de fevereiro, a cidade somava 234 perdas por complicações da Covid-19. Em apenas 30 dias, foram 98 mortes na cidade. Nesta sexta-feira, o número é ainda mais alto: 395 óbitos – 161 deles foram confirmados nos últimos 16 dias.
Continua depois da publicidade
– Neste momento a gente já está vivendo uma diminuição da curva de pacientes. E, infelizmente, os doentes conseguiram ser internados porque houve óbitos que possibilitaram a internação – diz o intensivista.
> Profissionais de saúde pedem lockdown em Florianópolis: “Oxigênio está a ponto de acabar”
E mesmo com essa diminuição da curva, considerada por Souza, a situação não parece melhorar. No Hospital Regional de São Miguel do Oeste, referência no atendimento da região, os 25 leitos de terapia intensiva existentes estão ocupados por pacientes com Covid-19. Outras 14 pessoas em estado grave de saúde aguardam por uma vaga no pronto socorro.
– Esses doentes (com coronavírus) se mantêm internados na UTI ou na enfermaria por 25 a 30 dias, no mínimo, enquanto que um paciente de infarto, por exemplo, fica em torno de cinco dias e um de apendicite, cerca de três dias. Então um paciente Covid, ocupa um leito por muito mais tempo – descreve.
> SC cancela novas transferências de pacientes com Covid-19 para hospitais do Espírito Santo
Além do tempo, os pacientes contaminados pelo vírus também demandam atenção redobrada dos profissionais da saúde, ainda segundo Souza:
Continua depois da publicidade
– São pacientes que têm que ter dedicação extrema, porque da mesma forma que estão estáveis, rapidamente desestabilizam. São pacientes que usam doses de sedação, analgesia e relaxante muscular duas a três vezes a mais do que são utilizados em outras patologias. E depois do quinto ao sétimo dia de internação, ainda tem que escalonar antibiótico de forma mais agressiva, enquanto se monitoram funções, alterações e distúrbios.
> Força-tarefa vai fiscalizar Caixa d’Aço, em Porto Belo, contra aglomerações no fim de semana
Conforme o último boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde nesta sexta-feira, há 1.085 pessoas internadas em UTIs nas redes pública e privada de SC, 727 delas em ventilação mecânica.
O Estado ainda divulga taxa de 98,9% de ocupação em leitos públicos, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com isso, somente 15 leitos estariam disponíveis em todo o território e para todos os tipos de atendimento – outras doenças, infartos e acidentes, além de Covid-19.
Leia também
Novas restrições no fim de semana e lei seca: entenda o que está proibido em SC
Continua depois da publicidade
O que é lockdown e como a medida de isolamento serve contra a Covid-19