A ministra das Mulheres, Aparecida Gonçalves, a Cida, ouviu nesta quinta-feira (20) uma série de depoimentos sobre a violência contra a mulher praticada em Santa Catarina. Pela manhã, na Câmara de Vereadores de Florianópolis, o foco foi a violência política de gênero.
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Cida ouviu o testemunho de parlamentares que sofreram cassação, como a vereadora Tereza Capra (PT), de São Miguel do Oeste, e que denunciaram violações, como Carla Ayres, Ana Lúcia Martins, Marlina Oliveira, Giovanna Mondardo.
— A violência política de gênero é crime eleitoral. Precisamos tomar providências quando começa e não na perda do mandato. Às vezes, nós mulheres não temos apoio nem dos nossos colegas homens de partido, mas não podemos nos calar — disse a ministra.
Cida apresentou dados que mostram a necessidade de uma política de enfrentamento ao tema. De acordo com o Censo das Prefeitas (referente ao mandato 2021-2024), realizado pelo Instituto Alziras, 58% das prefeitas sofreram assédio ou violência política pelo simples fato de ser mulher. Dentre os obstáculos citados pelas entrevistadas para ser mulher na política, 26% referem assédio ou violência simbólica e 34% relatam desmerecimento de seu trabalho ou de suas falas.
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“A resposta precisa se coletiva”
A ministra lembrou que toda a violência contra a mulher é marcada pela misoginia, fenômeno de ódio impregnado fortemente nas redes digitais:
— Esses grupos ditos “masculinistas”, conhecidos como “machosfera” passam o ódio. É uma luta a ser enfrentada, pois têm 35 milhões de seguidores. Nossas redes, como o Ministério das Mulheres, em torno de 40 mil. Isso deixa eles autorizados a tentar nos calar, nos mandar de volta para casa, a nos matar — disse.
Para Cida, a resposta precisa ser coletiva, e citou, ainda, a necessidade de que municípios e governos estaduais se juntem para o fortalecimento das políticas de enfrentamento:
— A secretaria das mulheres de Santa Catarina vai ter que ajudar. Eu voltarei aqui para conversar com o governado (Jorginho Mello) para a gente tratar desse tema. Se nós não enfrentarmos a misoginia, não conseguiremos vencer os feminicídios.
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No encontro, Cida Gonçalves destacou a criação do grupo de trabalho interministerial que terá como objetivo elaborar a proposta da Política Nacional de Enfrentamento à Violência Política contra as Mulheres (Decreto 11.485/2023). Instituído em 6 de abril de 2023, com a coordenação do Ministério das Mulheres, o GT irá apresentar um diagnóstico sobre as situações de violência política contra a mulher num prazo de 90 dias.

“Essa política de ódio contra professores tem que acabar”
No encontro também foi falado sobre ataques a professores. Uma das vozes foi a deputada Luciane Carminatti (PT). Cida reconheceu que além da violência política de gênero e dos casos de feminicídios, é preciso uma resposta para as ameaças contra os professores:
— A maioria dos professores é formada por mulheres. Essa política de ódio tem que acabar.
Na agenda da ministra, uma reunião na UFSC com instituições de ensino de Santa Catarina e uma roda de conversa com representantes de movimentos sociais de mulheres. No final da tarde, tem encontro com o Conselho Gestor do Observatório da Violência contra a Mulher, na Assembleia Legislativa. Às 19h, Cida participa da aula inaugural da Escola de Mulheres da Alesc.
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