Foi bater o olho na capa do livro Scheffel por Ele Mesmo, com a reprodução de um quadro batizado Hamburgo Velho – um amplo óleo sobre tela medindo 2,9 metros de largura por 1,3 metro de altura -, para a presidente Dilma Rousseff se encantar com o talento do pintor Ernesto Frederico Scheffel e pedir ao ex-marido Carlos Araújo para ser apresentada ao artista. O encontro ainda não ocorreu, mas, em uma de suas últimas visitas a Porto Alegre, Dilma fez questão de ligar para o pintor e dar pessoalmente a notícia do tombamento pelo Iphan da área em que está a Fundação que leva o nome do artista.

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Depois de folhear o livro que Scheffel chama de “autocrônica” e que reproduz as principais obras que realizou ao longo da vida, a presidente da República comentou com Araújo:

– Esse pintor tem quadros que poderiam estar expostos em qualquer museu da Europa. Como é possível que não seja mais divulgado?

A obra que impressionou a presidente é uma composição do pequeno quintal da casa dos pais, em Hamburgo Velho, com o forno de pão nos mínimos detalhes (veja acima). Sentada numa espreguiçadeira, uma mulher posa para um jovem que a observa com um caderno de desenho na mão e um lápis na outra. A modelo é irmã caçula de Scheffel, Lia. O chinelo que ela usou, a espreguiçadeira e a gamela fazem parte do acervo da Fundação Ernesto Frederico Scheffel e ocupam um cantinho do casarão transformado em museu.

Scheffel é um homem de poucas palavras. Desde pequeno, seus meios de expressão são o desenho e a pintura. Foi com seu traço que ele ganhou o mundo, depois de impressionar o então interventor Cordeiro de Farias, quando tinha 10 anos. Filho de um barbeiro e sapateiro que desprezava seu talento e o tratava com frieza, saiu de Hamburgo Velho ainda menino para Porto Alegre, depois Rio de Janeiro e, por fim, a Europa, com um prêmio do Salão Nacional de Belas Artes, até se fixar em Florença, onde conviveu com artistas, fez restauros, experimentou diferentes técnicas e produziu dezenas de quadros – paisagens, nus, retratos e imagens sacras.

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– Em parte, a gente se explica pela obra – diz o artista.

Aos 87 anos, com a saúde debilitada, Scheffel como que flutua no casarão em que passou a morar nos últimos anos, alojado em um minúsculo apartamento repleto de livros, tintas e pincéis. Na saleta, ficam o piano em que toca composições próprias, os maços de papel em que escreve sonetos e objetos que remetem a uma vida franciscana.

A passos lentos, circula entre as obras expostas no antigo casarão, conta a história de cada uma, fala do passado na Europa e dos mestres que o ensinaram ou inspiraram. Entre eles, Cândido Canal, Osvaldo Teixeira, Pedro Weingärtner e Angelo Guido. E faz planos grandiosos. Planos de concluir obras inacabadas, de pintar novas telas, de voltar à Toscana, onde tem uma casa que deverá ser transformada em museu.

Fundação Ernesto Frederico Scheffel

> Rua General Daltro Filho, 911, em Hamburgo Velho, bairro histórico onde se iniciou a colonização alemã em Novo Hamburgo.

> Visitação de terça a sexta-feira, das 8h30min às 11h30min e das 13h30min a 17h. Informações no fone (51) 3593-6233.

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> Ingressos a R$ 5 e R$ 3 (estudantes e idosos).

> O museu: guarda e apresenta 400 pinturas, desenhos e esculturas do artista Ernesto Frederico Scheffel, além de móveis e objetos de época.

> Preste atenção: na casa ao lado da Fundação Scheffel, funciona o Museu Comunitário Casa Schmitt-Presser, que conta a história da colonização alemã em Hamburgo Velho com objetos e documentos. Entrada gratuita.

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