Santa Catarina vai integrar um projeto inédito no país que servirá de modelo para o resto do Brasil de como gerir os recursos marítimos no litoral brasileiro. O objetivo é mapear os conflitos entre os diferentes usos do mar, criar bases de dados e propor ações eficazes para serem implementadas nas demais regiões do Brasil.

Continua depois da publicidade

Clique aqui para receber as notícias do NSC Total pelo Canal do WhatsApp

Por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e da Economia Verde (Semae), o estado catarinense fará parte do Planejamento Espacial Marinho (PEM), programa do governo federal que vai identificar o potencial ambiental e econômico em áreas de até 200 milhas da costa. Isso vai permitir a regulação de atividades como navegação, pesca, aquicultura, turismo, exploração de petróleo e gás, parques eólicos no mar (offshore), e demais atividades humanas.

“Fomos convidados para ser parte desse projeto graças à nossa relevância ambiental e econômica, à nossa forte atividade portuária e a uma base de dados consistente. E também queremos proporcionar a segurança jurídica necessária aos investidores e fomentar a economia do mar e a competitividade que fazem de Santa Catarina um Estado diferenciado”, disse o secretário de Estado do Meio Ambiente e Economia Verde, Guilherme Dallacosta.

Entre as medidas previstas está o mapeamento dos recursos naturais da costa brasileira, permitindo que os governos usem dados socioeconômicos e ecológicos da região para gerir a exploração do espaço marinho de forma sustentável.

Continua depois da publicidade

Cabe à Semae, enquanto coordenadora do gerenciamento costeiro, promover a articulação entre as secretarias e entes governamentais para garantir que as demandas e a conjuntura do Estado sejam consideradas na elaboração deste instrumento.

“Já encaminhamos para as secretarias de Estado o formulário base para que todos se pronunciem sobre os critérios (indicadores) a serem utilizados na definição das Unidades de Planejamento. Além disso, estamos identificando os atores que possam contribuir no processo”, afirmou a gerente de Integração e Planejamento Ambiental, Monica Koch.

Com uma gestão colaborativa, o PEM integrará informações de órgãos federais como o Ministério do Meio Ambiente e Mudança de Clima e Ministério da Economia, além dos órgãos estaduais e municipais, que têm relevância para a região estudada. A iniciativa, por opção da União, será implementada primeiramente nos estados da região Sul, como fase de testes.

O investimento total é do BNDES e está orçado no valor de R$ 7 milhões para os três estados do Sul – Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.

Continua depois da publicidade

“O PEM Sul é uma política de estado no Brasil que visa ordenar e fazer a gestão do uso e atividades do mar brasileiro referente aos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Esse processo deve levar em consideração […] como desenvolver as atividades marítimas de maneira ambientalmente sustentável e socialmente justa. O PEM também é um importante aliado no enfrentamento aos efeitos das mudanças do clima, pois prioriza a conservação e a recuperação dos ambientes costeiros e marinhos responsáveis pela regulação climática e proteção costeira”, disse a coordenadora-geral do Departamento de Oceano e Gestão Costeira (DOceano) do Ministério do Meio Ambiente e Mudança de Clima, Marinez Eymael Garcia Scherer.

Em países como Alemanha, Holanda e Austrália o PEM contribui para a implementação das políticas públicas, já que este instrumento é considerado um grande motor propulsor da Economia Azul.

Sobre o PEM

Segundo a Unesco, o PEM é um processo público de análise e alocação da distribuição espacial e temporal das atividades humanas em áreas marinhas para atingir objetivos ecológicos, econômicos e sociais que geralmente são especificados por meio de um processo político.

O PEM faz parte da Política Nacional para os Recursos do Mar (PNRM) e integra o XI Plano Setorial para os Recursos do Mar, com execução prevista para ocorrer entre 2024 a 2027. O estudo será financiado com recursos da iniciativa BNDES Azul, através do Fundo de Estruturação de Projetos do BNDES (BNDES FEP). Até 2030, o Planejamento também será implementado nas regiões Norte, Sudeste e Nordeste.

Continua depois da publicidade

“O PEM é um projeto transformador, complexo e essencial para o desenvolvimento da economia azul do Brasil. Transformador porque dá luz a uma área que comparativamente equivale a uma Floresta Amazônica, complexo porque o PEM é um plano dos brasileiros e para os brasileiros. É essencial pois para utilizar, preservar é preciso conhecer toda essa região que estaremos estudando nos próximos anos”, disse a gerente de Meio Ambiente do BNDES, Vanessa Mesquita.

Leia também

Próximo contorno a ser entregue em SC custa R$ 1 bilhão e tem mais de 60% de execução

Portos de SC crescem 6% em movimentação de cargas no primeiro semestre

Multinacional com sede em SC investe R$ 5,6 bilhões em geração renovável até junho