Com a chegada do frio ao Estado, cresce a preocupação com os casos de gripe A em Santa Catarina. Apesar da antecipação da circulação do vírus neste ano, com maior número de casos e mortes em abril e maio, é esperada uma nova onda de circulação do vírus entre julho e agosto — período de pico em anos anteriores. Para evitar a proliferação de casos e óbitos — o Estado soma 73 mortes por gripe A — a Secretaria de Saúde irá intensificar a capacitação dos profissionais que atendem na atenção básica em SC.
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— Temos que orientar a população para não minimizar os sintomas da gripe e procurar uma unidade de saúde assim que tiver os primeiros sintomas [febre, tosse e falta de ar]. Além disso, temos uma política anual da capacitação dos profissionais de saúde que será por videoconferência — diz o superintendente de Vigilância em Saúde da Dive-SC, Fábio Gaudenzi.
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Gaudenzi acrescenta que é uma espécie de reciclagem, já que profissionais de saúde já passaram por treinamento em fevereiro, e que deve estar disponível na semana que vem. A meta é reforçar que os médicos identifiquem e comecem a tratar a doença mais rápido. Mesmo os pacientes que foram curados iniciaram o tratamento com Tamiflu, em média, três dias após o início dos sintomas. Os que vieram a óbito, iniciaram com seis dias.
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— A preocupação é que a partir de julho e agosto a gente tenha um novo pico da doença. Então a meta é fazer o início do tratamento em 48h, conforme o protocolo. Antecipar o tratamento significa menos gente que vai precisar de UTI no Estado e menos mortes — diz o secretário de Saúde, João Paulo Kleinübing.
O diretor do Hospital Nereu Ramos, referência em casos graves da doença, Antônio Miranda, afirma que só neste ano, o estabelecimento registrou 54 casos e nove óbitos:
— Neste ano temos indicadores semelhantes a 2009 e 2012. Infelizmente eles chegam ao hospital com casos bastante avançados — explica.
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Mas não basta só iniciar o tratamento precoce ou vacinação – na Campanha deste ano, SC atingiu 98% da população-alvo – a prevenção depende da ação de cada um:
— A estratégia da vacinação da gripe, diferente da poliomielite, por exemplo, que erradicou o vírus, não tem essa característica e acaba protegendo individualmente. Então a gente não vê esse efeito de proteção da população que outras vacinas têm. A vacina é uma das estratégias, mas tem o tratamento precoce e etiqueta da tosse e higiene das mãos para que consiga diminuir a circulação do vírus. São os três pilares do enfrentamento à gripe que devem ser feitos em todos os invernos — reforça Gaudenzi.
Antecipação do vírus afeta país inteiro
Não foi só em Santa Catarina que o vírus chegou mais cedo neste ano. Em São Paulo, por exemplo, já foram registrados 2.388 casos de gripe e 460 mortes por gripe A. No Sul, os estados também apresentaram casos acima da média. No Paraná, foram 168 mortes e 904 casos, a população do PR é de cerca de 11 milhões. No Rio Grande do Sul são 883 casos e 160 mortes, em uma população de 11,2 milhões.
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Falta de testes atrasou diagnóstico
Os testes laboratoriais para confirmar a doença sofreram atraso no Estado. Santa Catarina não recebia kits do Ministério da Saúde para a realização de exames desde o final do ano passado. Em meados de abril o Laboratório Central de Saúde Pública de Santa Catarina (Lacen/SC) passou a realizar exames somente nos casos de óbitos e outras prioridades devido ao baixo estoque. A situação foi normalizada em 20 de maio, com a chegada dos kits, o que resultou em um salto no número de casos e óbitos confirmados nesta semana. Porém a maioria deles aconteceu no mês de abril, o que comprova a circulação antecipada do vírus. Não é necessária a confirmação laboratorial para iniciar o tratamento.