Mais de 400 casos de febre maculosa foram registrados em Santa Catarina nos últimos 10 anos, segundo a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive). Somente neste ano, 18 casos da doença, que é transmitida por meio da picada do carrapato, foram registrados no Estado. O assunto voltou a ser discutido após três pessoas, que estiveram em uma festa em Campinas (SP), morrerem por conta da infecção na última semana.

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Conforme os números, entre 2014 e 2023, 419 infecções foram detectadas. Os anos de 2014 e 2020 tiveram o maior número de infecções em Santa Catarina, onde 52 casos de febre maculosa foram confirmados. Já no ano passado, foram registrados 41 casos — uma queda de 16,32% ao comparar com 2021, onde eram 49.

Já se levar em conta os últimos 15 anos, 610 casos ocorreram em Santa Catarina — uma média de 9,24 infecções por mês.

Santa Catarina concentra 88% dos casos de febre maculosa do Sul do país 

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Elmir Roberto, de 59 anos, está entre os infectados com a febre maculosa no Estado. Ele conta que contraiu a doença em setembro de 2012 em uma área de mata de Blumenau, no Vale do Itajaí.

— Nós moramos perto de um mato e fui dar uma olhada se estava tudo certo, e acabei sentando no chão durante a tarde. À noite, enquanto tomava banho, senti alguma coisa presa nas costas e vi o carrapato. Tirei e não dei muita bola, não tinha ideia da gravidade — conta.

Porém, com o passar dos dias, vieram os primeiros sintomas, como febre e dor no corpo, porém ele acreditou que seria uma gripe. A preocupação em procurar atendimento só ocorreu no quinto dia quando passou a ter manchas vermelhas na pele e resolveu ir até o hospital.

— Eu tive sorte que peguei um médico que na semana anterior tinha tratado alguém com o mesmo diagnóstico e desconfiou que fosse febre maculosa. Ele perguntou se eu havia andado no mato e contei que tirei um bichinho das costas — relembra.

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Após o diagnóstico, Elmir foi medicado contra a febre maculosa e, em dentro de dias, estava recuperado. Ele explica, ainda, que a Vigilância Epidemiológica esteve na casa dele investigando os possíveis locais de contaminação. O homem foi o único a contrair a doença na família.

— Os sintomas são idênticos com a gripe. O médico até falou da gravidade e da letalidade dessa doença — friza.

Em nota, a Dive informou que os casos em Santa Catarina são mais brandos que no resto do país e que não há registro de casos graves e óbitos até o momento. Apesar disso, o Estado explica que há a presença do vetor e reservatórios da doença. Por isso, um mapeamento tem sido feito para identificar os possíveis locais de contaminação de acordo com os casos confirmados.

O que é a febre maculosa?

Doença causada pela bactéria do gênero Rickettsia e transmitida por picada de carrapato, a febre maculosa não passa diretamente entre pessoas pelo contato. No Brasil, os principais vetores são carrapatos do gênero Amblyomma. Segundo o Ministério da Saúde, a doença pode variar desde formas clínicas leves e atípicas até formas graves, com alta taxa de letalidade.

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Os principais sintomas da febre maculosa são dor de cabeça intensa, náuseas e vômitos, diarreia e dor abdominal, dor muscular constante, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés, gangrena nos dedos e orelhas e paralisia dos membros que começa nas pernas e vai subindo até os pulmões causando parada respiratória. 

A prevenção da febre maculosa é baseada em impedir o contato com o carrapato. Portanto, em locais onde haverá exposição a carrapatos, algumas medidas podem ajudar a evitar a infecção: usar roupas claras para ajudar a identificar o carrapato; utilizar calças, botas e blusas com mangas compridas ao caminhar em áreas arborizadas e gramados; evitar andar em locais com grama ou vegetação alta e usar repelentes de insetos. 

Além disso, o Ministério da Saúde recomenda a remoção – com uma pinça – se um carrapato for encontrado no corpo; não apertar, nem esmagar o carrapato e, depois de remover o carrapato inteiro, lavar a área da mordida com álcool ou sabão e água. Quanto mais rápido retirar os carrapatos do corpo, menor será o risco de contrair a doença. 

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