Começa nesta segunda-feira e vai até sexta a aplicação das provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica – o Saeb – nas escolas de Santa Catarina. Ele é o mais importante sistema de avaliação educacional no Brasil e forma a nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

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A Secretaria de Educação de SC espera reverter o prejuízo identificado no Ideb de 2013, quando não foram alcançadas as metas estipuladas pelo Ministério da Educação nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio.

A verificação dos alunos pelo Saeb é feita de duas formas: pela Prova Brasil e pela Avaliação Nacional da Educação Básica, que monitoram a cada dois anos o desenvolvimento em português e matemática dos estudantes de 5º e 9º ano do ensino fundamental e do terceiro ano do ensino médio. As notas obtidas são um dos pilares para o cálculo do Ideb.

No último Ideb divulgado, o resultado dos anos finais do fundamental em SC ficou aquém das expectativas, principalmente na rede pública. Diferentemente do que ocorreu em 2011, quando SC ficou em primeiro lugar nacional em todas as categorias levantadas, na avaliação seguinte o Estado atingiu apenas uma das metas estabelecidas pelo MEC – a dos anos iniciais do ensino fundamental.

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Na época, o governo estadual atribuiu o resultado à extinção da progressão continuada (a conhecida “aprovação automática”), ocorrida em 2013. Segundo a Secretaria da Educação, como o Ideb dá grande peso às taxas de aprovação, fazia sentido que mais reprovações levassem a uma nota menor.

Agora, decorridos mais dois anos, o Estado espera observar uma leve melhora na nota dessa faixa etária. De acordo com o secretário da Educação de SC, Eduardo Deschamps, avaliações prévias dos atuais índices de aprovação e evasão já apontam para esse cenário.

O secretário diz que o governo estadual tem investido no Programa Estadual Novas Oportunidades de Aprendizagem (Penoa), que oferece reforço a alunos com dificuldade em leitura, escrita e cálculo. O programa federal Ensino Médio Inovador (ProEmi) também deve influenciar na nota do próximo Ideb, já que oferece apoio aos estudantes e amplia o tempo na escola.

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– São programas que se concentram nos alunos que têm dificuldades. Isso não necessariamente vai melhorar a nota de quem está no topo, mas vai subir a de quem está embaixo.

De acordo com a diretora de Educação Básica da Secretaria de Estado da Educação, Marilene Pacheco, as gerências regionais identificaram cerca de 2 mil escolas com resultados insatisfatórios em SC, levando o poder público a concentrar nelas o trabalho.

Metas também desafiam escolas municipais

No Ideb 2013, alguns municípios também deixaram de atingir as metas para os anos finais do ensino fundamental. Florianópolis e Criciúma perderam 0,2 ponto entre 2011 e 2013, faltando para cada uma delas 0,4 ponto.

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A situação da rede fica preocupante quando há uma queda na nota. Para atingir a meta para 2015, por exemplo, as escolas municipais de Florianópolis precisariam aumentar 0,8 ponto – o que nunca ocorreu antes.

Presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação, Astrit Tozzo tem expectativas positivas para a avaliação deste ano, mas se preocupa com os últimos anos do fundamental e com o ensino médio.

Para ela, a principal causa do baixo desempenho nessas fases é a falta de professores, já que para as crianças, os docentes costumam gerir mais disciplinas ao mesmo tempo:

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– Temos falta de professores de matemática para os maiores, por exemplo, enquanto há bastante pedagogos para lidar com os anos iniciais do fundamental.

Até ontem à noite, alguns municípios ainda não haviam recebido as provas pelos Correios, mas Astrit garante que o prazo dado para a aplicação é o suficiente.

Entrevista

Eduardo Deschamps – Secretário de Estado da Educação

“A nota é consequência do que foi feito nas escolas”

O fim das aprovações automáticas na rede estadual deve afetar as notas das provas deste ano? Qual a projeção?

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É muito positiva, pois há uma grande mudança no processo. A progressão continuada ocorria com os alunos que estavam no modelo do (ensino) fundamental de oito anos, ou seja: quem fez a Prova Brasil de 2013 foram os alunos que estavam na 8ª série.

Para este ano, entretanto, a prova está sendo aplicada com os alunos do fundamental de nove anos. E é esse pessoal que vem subindo todo o resultado educacional no Estado, principalmente por conta da alfabetização que começa mais cedo, aos seis anos de idade.

Além disso, esse grupo não passou pela progressão automática, e isso deve subir, sim, as notas nas avaliações.

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O Estado faz outras avaliações dos estudantes? Como saber o desempenho das turmas que vão fazer agora as provas?

A gente acompanha sempre, mas não há nenhuma avaliação estadual como há em outros Estados que aplicam testes no modelo da Prova Brasil.

Existe um acompanhamento constante de medição e, olhando apenas para os resultados das notas, as taxas de aprovação e evasão, já percebemos que tem havido uma melhora significativa. Não vai chegar a haver um salto gigantesco [nas notas do Saeb], mas a nossa expectativa é que ela melhore.

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Nossa principal preocupação no momento é a extensão do impacto da greve do magistério deste ano, que acabou nos fazendo adiar ou cancelar inclusive programas de formação de professores, mesmo que o número de professores que aderiram ao movimento tenha sido pequeno.

O que a secretaria tem feito para elevar a avaliação do ensino básico na rede estadual?

Não temos nenhum programa específico para a Prova Brasil ou para o Saeb. Para nós, elas são uma consequência do trabalho de aprendizagem feito nas escolas, uma medição utilizada para verificar se o processo está adequado. Foi a partir dela, por exemplo, que chegamos à conclusão que a progressão automática estava afetando o nosso desempenho.

Mas temos ações recentes que devem afetar o resultado. A principal delas vale tanto para o fundamental quanto para o médio, que é o Penoa (Programa Novas Oportunidades de Aprendizagem). Do ano passado para cá, dobrou o número de alunos que o programa atende, e isso deve ajudar bastante porque trabalha com aquele aluno que tem mais dificuldade.

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Então, não necessariamente sobe a nota de quem está no topo, mas traz para cima a nota de quem está embaixo. No caso específico do terceirão, teremos também as primeiras turmas que passaram pelo ProEmi (Programa Ensino Médio Inovador). Mas isso depende muito da escolha de amostragem.

Conheça cada avaliação:

IDEB

É o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, calculado a partir de duas variáveis: as taxas de aprovação e evasão, levantadas pelo censo anual da educação, e as médias nos dois exames padronizados do Inep que compõem o Saeb (Prova Brasil e Aneb). O Ideb é divulgado a cada dois anos e tem escala de zero a 10, servindo como um ranking das escolas.

SAEB

O Sistema de Avaliação da Educação Básica é calculado a partir das notas de dois exames nacionais: a Prova Brasil e a Aneb. As duas provas devem ser feitas por 5 milhões de estudantes neste ano em todo o Brasil. O Saeb é a principal ferramenta na formulação de políticas públicas.

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Além das provas, alunos e professores respondem a questionários para fornecer informações sobre desempenho, estrutura das escolas, clima em sala de aula e até remuneração e satisfação dos docentes. O MEC prevê divulgar os dados dos exames no segundo semestre de 2016.

Prova Brasil

O nome oficial do exame é Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc). Analisa o desenvolvimento em português e matemática dos estudantes de 5º e 9º ano do ensino fundamental da rede pública, sendo aplicada a cada dois anos para todas as escolas com mais de 20 estudantes dentro dessas faixas.

Tem caráter censitário, ou seja, pode fornecer dados específicos por escola, cidade ou Estado.

Aneb

É a Avaliação Nacional da Educação Básica. Utiliza a mesma metodologia da Prova Brasil, mas é aplicada tanto nas escolas públicas quanto nas privadas. Além do 5o e do 9o ano do ensino fundamental, atinge as turmas do terceirão do ensino médio.

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Trabalha com amostragens, por isso não é aplicado como censo nem possibilita a separação de dados por escola ou cidade, por exemplo. Popularmente é chamada apenas de Saeb.

Censo Escolar

É um levantamento anual de dados sobre a educação básica pública e privada no Brasil. Coleta informações sobre número de turmas, alunos, professores em sala de aula e rendimento escolar. Também apura dados sobre evasão e índices de aprovação em cada escola, servindo de base para o cálculo do Ideb.