O café arábica especial, considerado o tipo de maior qualidade do mundo e o preferido dos amantes da bebida, pode começar a ser produzido em Santa Catarina. Uma pesquisa realizada pela Epagri apontou que todo o litoral catarinense tem clima e relevo ideal para o cultivo.

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O estudo feito em parceria com o Instituto Federal Catarinense (IFC) aponta que os frutos de café já produzidos em algumas cidades de SC têm potencial de gerar grãos de qualidade alta, mas as práticas de colheita e pós-colheita, como o ponto ideal, secagem e torra dos grãos, ainda podem ser aperfeiçoados. 

— As pesquisas desenvolvidas até o momento em Santa Catarina, com amostras de algumas regiões, mostram que temos sim esse potencial de produção. Esses resultados comprovam o histórico da boa qualidade do café produzido comercialmente em Santa Catarina nas décadas de 40 a 60 — explica o pesquisador da Epagri, Fábio Zambonim. 

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Confira no mapa as áreas de Santa Catarina que, segundo a pesquisa, têm potencial para o cultivo do café especial: 

Litoral de SC está apto para cultivo do café arábica especial
Litoral de SC está apto para cultivo do café arábica especial (Foto: Epagri/Ciram)

Potencial econômico do café arábica especial

Proveniente da Etiópia, o arábica foi uma das primeiras espécies de café a ser produzida e hoje é cultivado pelo mundo todo. O Brasil, inclusive, é um dos maiores produtores do mundo, com destaque para os estados de São Paulo e Minas Gerais.  

Em Santa Catarina, esse tipo de café já é produzido em 15 cidades, entre elas São Francisco do Sul, Araquari, Corupá, Itapema, Vale do Itajaí, Florianópolis, Vale do Tijucas e na região de Imbituba e Urussanga. No entanto, a maior parte dos cultivos são de subsistência, apenas alguns possuem pequena escala comercial.

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Segundo Fábio Zambonim, como o litoral de SC possui clima, solo e árvores nativas ideais para a produção do café especial, a atividade é atrativa economicamente para o Estado e para o agricultor.

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— O nicho de mercado de cafés especiais está em alta, com tendência de crescimento. Quando o cultivo dos cafés especiais são associados às práticas de baixo impacto ambiental e à tradição cultural, o mercado se torna ainda mais atraente do ponto de vista de retorno financeiro ao produtor. Já existem produtores que estão conseguindo boa rentabilidade com essa cultura — explicou. 

Cafeicultura em Santa Catarina 

A cafeicultura já foi uma atividade importante economicamente para Santa Catarina. Prova disso é a bandeira do Estado, criada em 1895, que traz a imagem de um ramo de café com frutos. Fernando Prates Bisso, professor do IFC e um dos autores do estudo, conta que os grãos colhidos no território catarinense eram utilizados para compor e melhorar lotes exportados para mercados mais exigentes, como Uruguai e Holanda.  

O cenário mudou na década de 1960, como resultado de uma política pública nacional de erradicação de cafezais para regulação dos estoques mundiais do grão. A partir daí a produção de café no Leste catarinense migrou do status comercial para uma cultura de subsistência.

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Segundo o pesquisador, apesar de ter uma produção em menor escala, quando comparada às lavouras da região Sudeste, o produto catarinense sempre se destacou pela qualidade. Isso se deve ao sistema de produção e de colheita adotado na região produtora de café em Santa Catarina.  

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Cultivado preferencialmente sob a sombra de espécies arbóreas da Floresta Atlântica, o café arábica se adaptou e se desenvolveu muito bem no litoral do Estado. Por isso, a pesquisa recente busca destacar que a região tem potencial para aumentar a produção em escala comercial.